No decorrer desses meses de pandemia, que vão longe, o assim chamado isolamento social (na realidade significa isolamento físico, ausência do presencial), propiciou múltiplas considerações sobre essa nova e possível realidade de “levar a vida”. O que, a princípio, parecia uma simples reclusão temporária de curto prazo, nas dependências de sua casa ou apartamento, pela extensão da crise e recomendações advindas de todos os lados, tornou-se uma prisão, capaz de suscitar problemas de saúde, tanto físicos quanto mentais.
As pesquisas sobre os efeitos deletérios do novo coronavírus no organismo humano ocuparam a totalidade do tempo dos cientistas e pesquisadores do mundo inteiro. E, muito mais, apagaram as outras notícias da mídia universal, que passou a tratar do assunto de maneira integral. Opiniões abalizadas de infectologistas e sanitaristas misturaram-se a palpites oriundos de camadas que estão sempre prontas a “meter a colher” em qualquer assunto. Cabe bem aqui a velha máxima (não obedecida), não vá o sapateiro além das chinelas.
O resultado de tal aprisionamento forçado pelas circunstâncias, provocou reações, basicamente direcionadas para duas vertentes. Para aqueles que, pelo tipo de trabalho que desenvolvem e têm tranquilidade de executá-los em casa, no silêncio do seu quarto ou gabinete, tudo vem transcorrendo no “melhor dos mundos”; não há rigidez de horário para as refeições, é possível criar intervalos para o cafezinho, espaço para tratar de tarefas domésticas, conversar um pouco mais com a companheira, estar ao lado dos filhos que sentem a presença do pai como nunca antes. São as vantagens do home office, palavra de origem inglesa para o significado de trabalhar em casa, remotamente, que nunca foi tanto utilizada. Outros, contudo, mais ansiosos e agitados, ou com ambiente doméstico inadequado, não conseguem se adaptar à nova realidade, mesmo que temporária.
Não esqueçamos aqui (antes que nos apontem o dedo da condição social) aqueles que não têm as condições de “trabalhar em casa”, quer pelo espaço físico, quer pela pobreza ou, ainda, pelos distúrbios de desavenças familiares, aumentadas pelo tempo de convivência doméstica. Já é constatável, pelas estatísticas, o razoável aumento de denúncias, agressões, feminicídios, alcoolismo, depressão e suicídios.
Por isso, não há como tratar a questão de forma simplificada, apresentando propostas de solução em sentido único, como se todos os casos coubessem “num mesmo saco”. Assim como no raciocínio médico, “cada caso é um caso”, também no enfrentamento da pós-crise, na indicação do que será mais adequado, benéfico, eficiente e eficaz para a empresa e para os colaboradores, haverá de depender da análise de cada situação peculiar.
Termos de ciência e compromissos, estabelecidos via Sindicato, que pactuem condições e regras de trabalho em casa, deverão ser negociados. Uma hodierna jurisprudência, para evitar danos às empresas (em nosso caso, às cooperativas e seguradora) e prejuízos aos trabalhadores será estudada e praticada para sustentar essa nova forma de relacionamento trabalhista.
Certamente as lideranças que serão responsáveis por essas decisões de readaptação, encaminhadas como alicerce de um novo normal, não poderão errar sob pena de um fracasso que dificilmente será corrigido.