As suspeitas do que causava os surtos eram as mais diversas – de pesticidas a um possível novo vírus asiático ainda desconhecido. O verdadeiro causador, porém, é uma pequena fruta chinesa, aparentemente inofensiva: a lichia.
Pesquisadores dos centros de controle de doenças da Índia e dos Estados Unidos identificaram que, como outros frutos da família do soapberry (Sapindaceae), a lichia não madura contém uma maior concentração de hipoglicina A e MCPG (metileno-ciclopropil-glicina). Essas substâncias interrompem a glicogênese e a beta-oxidação de ácidos graxos, levando à hipoglicemia.
Entre os pacientes testados pelos pesquisadores, 66% apresentaram hipoglicina A e MCPG em testes de urina, e em 90% o plasma tinha níveis anormais de acilcarnitina, indício de severa interrupção do metabolismo dos ácidos graxos. Além de terem consumido lichia, contudo, as crianças não haviam feito nenhuma refeição à noite. Como moram em regiões com grandes plantações de lichia, elas tinham acesso aos frutos verdes durante o período de safra.
Em casos de suspeita de encefalopatia, os pesquisadores indicam como tratamento a rápida correção da concentração sérica de glicose. Algumas crianças, porém, apresentaram posteriormente déficit cognitivo, fraqueza muscular e problemas motores. A causa das sequelas ainda não foi esclarecida.
As culturas de lichia, apesar de originárias da China, hoje estão presentes em diversos países do mundo. O consumo tem crescido devido a possíveis benefícios para perda de peso e no apoio ao controle de síndromes metabólicas.
Os resultados da pesquisa foram apresentados na revista The Lancet e estão disponíveis online.
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