Se cooperativa é sinônimo de união, faz sentido que entidades do mundo inteiro se unam com o propósito de aprender umas com as outras. Esse intercâmbio mundial tem trazido diversas inovações para o cooperativismo brasileiro.
O cooperativismo tem muito êxito e tradição no exterior, especialmente nos Estados Unidos e na Europa, onde nasceu. O grande exercício é observar, aprender e absorver o que tem sido discutido internacionalmente.
As cooperativas se beneficiam na medida em que conseguem identificar possibilidades de otimizar seus processos – e cada uma poderá enxergar essa oportunidade de um jeito, colhendo benefícios diferenciados.
“Enquanto uma pode ver como melhorar a gestão, outra algo relacionado às finanças, enquanto outra aprenderá algo para o processo de tratamento do cooperado. Isso pode vir de diversas formas”, diz a gerente de Desenvolvimento Social de Cooperativas do Sistema OCB, Gêane Ferreira.
Além disso, de forma geral, essa parceria internacional traz uma visão do que está sendo discutido em termos de legislações, exigências de cliente e oportunidades de melhoria, tanto na prestação de serviços quanto na gestão de cooperativas.
Uma vez que o cooperativismo está presente em diversos setores da economia, é natural que o intercâmbio também ocorra nessas diversas áreas, o que inclui cooperativas de crédito, agropecuária e saúde.
Não faltam eventos que promovem o intercâmbio mundial de cooperativas. Recentemente, a cidade de Ancara, na Turquia, foi palco da primeira reunião do Conselho Executivo da Organização Internacional das Cooperativas Agropecuárias (ICAO, na sigla em inglês). Neste evento, o Brasil esteve entre representantes do cooperativismo da Finlândia, Noruega, Polônia, Uganda, Japão, Malásia, Coreia do Sul e Turquia.
Em outra ocasião, as Unimeds de Recife, Caruaru, e Vale do São Francisco, junto a outras cooperativas da área da saúde e crédito, foram à Espanha absorver as práticas exitosas da Corporação Mondragon, federação de cooperativas oriunda do País Basco, no norte do país.

Quem ganha é o Brasil
Considerando o grande papel do cooperativismo na economia brasileira, é natural comemorarmos tamanho enriquecimento da cultura cooperativa. “Um país pode ser beneficiado de diversas formas a partir dessas estratégias. Pode haver desenvolvimento tecnológico, internacionalização das atividades das organizações envolvidas, economia de escala, crescimento econômico, geração de emprego, formação de mão-de-obra qualificada e específica”, comenta Pablo Murta Baião Albino, docente da Faculdade Unimed, do MBA em Gestão de Cooperativas de Saúde.
Também há avanços no campo social. A reunião do Icao não apenas discutiu inovações na área como, ainda, questões de interesse de toda a sociedade, como a participação de mulheres na liderança das cooperativas. Orgulhosamente, o Brasil foi representado por uma mulher: Isabela Weber, vice-presidente da Unicoton, cooperativa mato-grossense de produtores de algodão.
“Tendo essa força toda, o cooperativismo também é um movimento de mobilização social e de impacto nas comunidades. Essa possibilidade de intercâmbio acaba impactando indiretamente o País como um todo, na medida em que reflete nos cooperados vinculados, empregados, seus familiares e nas comunidades que as cooperativas estão inseridas até pelo sétimo princípio do cooperativismo, que é o interesse pela comunidade”, finaliza Ferreira.