Uma pesquisa realizada pela Escola de Engenharia e Ciências Aplicas John A. Paulson (SEAS), em Harvard, promete inovar o tratamento dos pacientes de diabete tipo 1. O estudo traz a possibilidade de administrar a insulina – vital para esse tratamento – pela via oral, ao invés do tratamento tradicional feito por injetáveis. A pesquisa foi publicada em junho deste ano no Proceedings of National Academy of Sciences (PNAS).
Esta nova opção pode aumentar o alcance do tratamento, visto que, aproximadamente, 40 milhões de pessoas em todo mundo possuem a doença, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Este tipo de diabetes representa 10% dos 422 milhões de casos registrados pela organização. A pesquisa aponta que os injetáveis, mesmo sendo a maneira mais eficaz de conduzir o tratamento, não são bem vistos pelas pessoas devido a dor, fobias e demais incômodos causados pelo procedimento de perfuração.
O desafio para desenvolver este tratamento foi superar os problemas causados às proteínas no ambiente ácido do estômago e a absorção ineficiente no intestino. A solução encontrada foi transportar a insulina em um líquido iônico composto por colina e ácido gerânico, ambos colocados dentro de uma cápsula com um revestimento que resiste ao ácido estomacal. O composto é biocompatível, fácil de fabricar e tem durabilidade de até dois meses em temperatura e ambientes controlados, o que torna o medicamento mais resistente que as insulinas injetáveis disponíveis no mercado.
A ideia de usar o ácido “colinato-gerânico” se deu pois ele consegue proteger a insulina em todas as fases da digestão até o intestino. O composto consegue passar pelas camadas que revestem o intestino e as junções estreitas de células da parede do órgão, onde moléculas como as da insulina geralmente não conseguem passar.
Após superar os ácidos estomacais, todo o revestimento de polímero da cápsula se dissolve quando atinge o ambiente alcalino do intestino delgado, local onde o líquido iônico com a insulina é liberado, possibilitando a absorção pelo organismo.
De acordo com a pesquisa, o medicamento via oral tem se mostrado tão eficaz quanto a injeção tradicional. Este método ainda se aproxima ainda mais de um organismo sadio, no qual o pâncreas e fígado estão em pleno funcionamento.
A descoberta, além de abrir novos caminhos para o tratamento de diabetes, pode também ser utilizadas para outras drogas que precisem ultrapassar as mesmas barreiras que os ácidos do estômago oferecem, e ainda abrem a possibilidade de um menor uso de injetáveis.
Custos – A produção do composto de insulina iônica líquida é um processo simples, de uma etapa, que pode ser facilmente inserido na produção industrial de baixo custo, tornando o medicamento mais acessível. Além disso, não precisariam de um acessório – como as seringas e agulhas – para a utilização.
Testes – O projeto será experimentado em animais afim de criar uma base de dados sobre os estudos toxicológicos e de biodisponilidade a longo prazo. Mesmo ainda em fase de experimentação, os pesquisadores acreditam que em breve começarão a testar a medicação em humanos, principalmente pela segurança e compatibilidades dos líquidos iônicos para o organismo.
O uso dessas substâncias já é previsto pela Food na Drug Administration, que os considera aditivos alimentares seguros. A colina é um nutriente essencial, que faz parte do complexo B, e o ácido gerânico, é uma substância presente no capim-limão.
A nova droga ainda está em fase de pesquisa e testes, mas a o Escritório de Desenvolvimento Tecnológico de Havard já busca por oportunidades de comercialização das substâncias no mercado.
Mais informações sobre a pesquisa podem se encontradas no site da PNAS: http://www.pnas.org/content/early/2018/06/19/1722338115