O Institute for Heathcare Improvement (IHI) fomenta a melhoria na área de saúde no mundo inteiro. Entre as ações desta instituição norte-americana está o Fórum Nacional de Melhoria da Qualidade em Cuidados de Saúde do IHI, que reúne médicos e líderes interessados na qualidade dos serviços e na segurança do paciente, para um mergulho nas mais recentes metodologias e ferramentas aplicáveis no mundo todo.
O seu principal encontro acontece anualmente em Orlando, Flórida (EUA), e reúne cerca de 5.000 participantes de mais de 50 países, entre eles profissionais do Brasil. Para saber o que mais chamou atenção nesta última edição, o CONEXÃO conversou com a médica Camilla Paiva, que participa do evento há cinco anos. Ela faz parte do Imed, grupo de médicos intensivistas, hospitalistas e de outras especialidades que atua em diversas instituições de saúde, entre elas o Hospital Unimed Guarulhos, na UTI Pediátrica e de Adultos.
Para Camila Paiva, o principal destaque foi a palestra Entregando Felicidade: Como a alegria no trabalho pode aumentar a produtividade no trabalho, em casa e no dia a dia. A palestrante Jenn Lim, CEO e CHO (Chief Happiness Officer) da empresa de consultoria “Delivering Happiness”, especializada na promoção da felicidade em ambientes de trabalho, apresentou seu método baseado na equação: funcionários mais felizes = clientes mais felizes = empresas de sucesso, fórmula que apresentou em mais de 30 países.
“O setor agora, além de estar voltado para o paciente, também se direciona para o próprio funcionário. Percebeu-se que a alegria no trabalho aumenta a produtividade das pessoas, diminui o absenteísmo. Com certeza, há vários benefícios na disseminação de práticas nesse sentido”, conta.
Jenn Lim se dedica a ensinar e inspirar com foco em trazer mais ferramentas para transformar o dia a dia de quem trabalha nas instituições de saúde, de forma que os colaboradores, mais felizes, possam prestar uma melhor assistência. Confira as seis diretrizes principais que ela aponta:
- Encorajar o comprometimento – ação que deve fazer parte da própria cultura organizacional da empresa;
- Estimular que os colaboradores revisitem seus valores centrais e fornecer ferramentas para que possam avaliar se estão alinhados com os valores da instituição;
- Incentivar o compromisso com a transparência, inclusive o de ser leal a si mesmo;
- Desenvolver um senso de propósito, de forma que o colaborador tenha claro porque sai de casa todos os dias para trabalhar;
- Construir relações interpessoais que façam sentido para os colaboradores; estimulando-os a se interessar pelos colegas;
- Reunir o time certo com base nos valores da empresa.
Além da palestra, Camila Paiva destaca também alguns tópicos que lhe chamaram a atenção, como desenvolver formas aprimoradas de colocar o paciente no centro das decisões, bem como promover cada vez mais um cuidado personalizado, levando em consideração as necessidades de cada indivíduo.
“No primeiro caso, um exemplo interessante é a condução das visitas multiprofissionais, realizadas dentro dos hospitais. Aqui no Brasil é costume fazê-la na sala do médico, com enfermeiro e fisioterapeuta. A ideia é trazer o paciente para o centro e realizar essa reunião na presença dele, para que possa participar do processo de decisão e acessar as informações com transparência.”
Quanto à personalização, ela pontua: “É preciso estar atento às necessidades das pessoas. Essas observações podem ir desde o chuveiro quente no quarto, até uma alimentação especial para veganos, por exemplo”, destaca a diretora.
A mensagem geral é a de que a arte de ouvir e descobrir o que realmente importa para pacientes, acompanhantes, colaboradores ou terceirizados vai além das regras pré-estabelecidas e precisa gerar planos de ação efetivos. Essas habilidades devem ser desenvolvidas pelas lideranças entre os gestores nas instituições de saúde para engajar as equipes, renovando e ampliando as possibilidades na assistência.