62% dos brasileiros não tinham reserva de emergência para enfrentar a crise. Veja como guardar dinheiro para ter tranquilidade em situações imprevistas.
Ter uma reserva de emergência é uma das grandes lições de 2020. A crise sanitária e financeira decorrente da pandemia da Covid-19 pegou muitas pessoas desprevenidas. O isolamento social, imprescindível para conter a disseminação do coronavírus, obrigou o fechamento dos comércios, serviços e indústrias prejudicando as receitas dos negócios e consequentemente a renda de muitos brasileiros.
Em maio, 9,7 milhões de trabalhadores ficaram sem remuneração devido à pandemia, indica a Pnad Covid19, versão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com apoio do Ministério da Saúde.
A situação é ainda mais preocupante considerando que 62% da população brasileira não conseguiu economizar dinheiro em 2019 e começou 2020 sem qualquer reserva financeira. Os dados são da terceira edição da pesquisa Raio-X do Investidor Brasileiro, realizada pela ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), com apoio do Datafolha.
Diante deste cenário e as incertezas dos próximos meses, a prioridade é conseguir sobreviver e pagar as despesas essenciais. No entanto, especialistas reforçam a importância de poupar para o futuro dentro das atuais possibilidades financeiras de cada um.
Como guardar dinheiro para a reserva de emergência
Bernardo Pascowitch, fundador da plataforma de busca de investimentos Yubb, afirma que é possível construir uma reserva de emergência em meio à crise. “É fundamental que a pessoa seja realista e não estipule metas que não poderá cumprir. Uma boa forma de começar é entendendo como você lida com o seu dinheiro, de onde vem, para onde vai, quais são os gastos essenciais e os supérfluos. Neste período atípico também é importante questionar se é possível fazer uma renda extra e quanto do montante é possível investir”, diz.
Para analisar o seu orçamento com todas as despesas e definir o valor destinado para a reserva de emergência, recomendamos utilizar o modelo 50/30/20 que divide a sua renda líquida em três categorias: essenciais, supérfluos e investimentos.
O método divide 50% do seu salário para as despesas essenciais – aluguel, alimentação, água, luz e internet – 30% para os gastos supérfluos – compras, almoço ou jantar do seu restaurante favorito, lazer, entre outros – por fim, 20% para investir na reserva de emergência ou outro objetivo.
Vale salientar que o sistema é adaptável à sua realidade financeira, portanto é possível fazer 70/30/10 ou 60/20/10, por exemplo.

Luiz Eduardo Mariotto Crivelenti, gerente de Investimentos da Sicredi Vale do Piquiri, destaca que para determinar o valor da reserva de emergência é necessário analisar a fonte de renda de cada um.
“O risco de interrupção de renda de um autônomo é muito maior do que de um funcionário público, portanto cada qual necessita de uma determinada reserva. Outro fator importante é saber quem são os dependentes dessa pessoa e qual sua situação financeira considerando as despesas com parcelas de financiamentos. O ideal é ter no mínimo seis meses de custos garantidos”, avalia.
O que considerar na hora de escolher o investimento para a reserva de emergência?
A principal função da reserva financeira é dar tranquilidade e segurança em situações imprevistas, como perda parcial ou total das receitas no seu negócio, demissão ou alguma questão de saúde. Dessa forma, o investidor precisa ter em mente que o dinheiro precisa estar disponível imediatamente em casos emergenciais.
A melhor forma de poupar para o futuro e garantir o valor imediatamente é investir em aplicações seguras, rentáveis e com liquidez diária – facilidade e rapidez para vender um ativo e ter o dinheiro em mãos.
“Não é interessante colocar a reserva de emergência em investimentos de maior risco ainda que sejam mais rentáveis, pois na hora que o investidor precisar pode não ser o momento adequado para o resgate. Outro ponto são os custos para a manutenção desse investimento. Caso seja feito em um fundo de investimento é importante checar a taxa de administração e eventual taxa de performance”, alerta Lucas Oliveira, assessor de investimentos na Atrio Investimentos.
Por que não é interessante deixar na poupança?
A poupança é a aplicação favorita de 84,2% dos brasileiros que investem seus recursos, indica a Anbima. Atualmente, a caderneta rende 70% da Selic e 1,58% ao ano com a taxa básica de juros a 2,25%.
É um rendimento muito baixo se comparado as outras opções que o mercado financeiro oferece, como o Tesouro Selic que rende 100% da taxa básica de juros.
Poupar para o futuro: onde investir?
De acordo com Oliveira, o dinheiro precisa estar disponível e por isso não pode correr riscos. “Aplicações como o Tesouro Selic, fundos com ativos no Tesouro ou até mesmo um CDB que remunere acima do CDI são as opções mais recomendadas para guardar os recursos da reserva de emergência”, recomenda.
Geralmente, os bancos digitais oferecem contas correntes com rendimento de 100% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) – taxa que acompanha a Selic. Entre as alternativas mais comuns estão a NuConta do Nubank, PagBank do PagSeguro e o PicPay.
“Muitas pessoas dizem que não tem dinheiro e não vale a pena. Esqueça isso, se planeje, entenda seus ganhos, gastos e apenas comece. Mesmo que seja com 1% da sua renda, mas dê o primeiro passo. O resultado não vem rápido, porém quanto mais cedo você começar mais cedo os ganhos virão. À medida que você investe, vai pegando gosto e elevando o percentual de acordo com sua disponibilidade. Lembre-se que não existe retorno garantido, nem resultado fácil e conte sempre com a ajuda de profissionais sérios para auxiliá-lo em suas decisões”, conclui Oliveira.
 
	    	 
		    
















