Cada pessoa tem um tom de voz: às vezes, ela é mais aguda, mais grave ou mais rouca. Inclusive, esse som que escutamos através da boca é produzido pela laringe a partir da vibração das cordas vocais. Elas fazem um movimento por meio do ar que vem dos pulmões na expiração e da ação dos músculos da laringe. Quando o som é articulado pelo indivíduo, ele é transformado em fala.
É por meio desta ação que executamos diversas funções no nosso dia – principalmente a comunicação com outras pessoas. Aliás, muitas profissões envolvem diretamente o uso contínuo da voz, como cantores, professores, atores, advogados, vendedores e profissionais da saúde.
Esses indivíduos têm mais risco de apresentar queixas vocais, principalmente pelo uso prolongado e, por vezes, forçado da voz em ambientes barulhentos. No entanto, é importante ressaltar que há outros fatores que podem causar problemas na voz, como:
- tabagismo;
- excesso de álcool e/ou café;
- alguns medicamentos;
- doenças endócrinas, infecciosas, inflamatórias, digestivas, imunológicas, neurológicas, psiquiátricas, entre outras.
Essa combinação de fatores, além de aspectos ambientais e de organização do trabalho, podem resultar em afastamento das funções. Na região das cordas vocais, os problemas que mais aparecem são nódulos, cistos, hemorragias e laringite.
Em entrevista à Veja Saúde, a fonoaudióloga Ana Elisa Ferreira, da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, disse que gritar com frequência, por exemplo, pode contribuir para o surgimento de lesões.
“Assim como outros músculos, as pregas vocais precisam de condicionamento, em especial quando seu uso é intenso. Caso contrário, o risco de lesão é grande”, declarou.
Dicas para cuidar da voz
Separamos dicas para evitar que isso ocorra com sua voz e prejudique seu trabalho. Até porque há formas de manter uma voz saudável. Confira abaixo:
- manter-se hidratado, bebendo de sete a oito copos de água por dia, em temperatura ambiente;
- intensificar a hidratação se o ambiente tiver ar-condicionado;
- se possível, evitar pigarrear e tossir em excesso, pois as práticas provocam atrito nas cordas vocais;
- adotar alimentação saudável, rica em frutas e proteínas;
- ter boas noites de sono;
- adotar uma boa postura corporal ao falar ou cantar;
- falar sem fazer muito esforço, além de articular bem as palavras;
- reduzir a quantidade de fala em momentos de quadros gripais e crises alérgicas;
- evitar falar por longos períodos, principalmente em ambientes ruidosos, além de gritar ou rir de forma exagerada;
- tomar cuidado quando for cantar e, se possível, evitar fazer isso de forma agressiva;
- evitar ingerir leite e derivados, bebidas gasosas e chocolate, ou líquidos muito quentes ou gelados, antes de utilizar a voz continuamente, além de álcool em excesso e outras drogas.
Além disso, é fundamental ressaltar que, em casos de surgimento de sintomas nas cordas vocais – alterações relevantes, falha na voz, pigarro, rouquidão, dor ou ardor ao falar –, é essencial procurar um médico otorrinolaringologista ou um fonoaudiólogo.
A rouquidão (disfonia), inclusive, é outro fator que não pode passar despercebido, principalmente quando aparece sem motivos aparentes. O motivo é que ela pode ser sinal de câncer de laringe. Portanto, ignorar esse sintoma não é uma boa ideia, segundo Gustavo Polacow Korn, professor do Ambulatório de Voz Profissional da EPM-Unifesp, em entrevista ao UOL.
“A demora da tomada de uma providência pode resultar na evolução para um quadro mais complexo, enquanto a consulta e o diagnóstico precoces aumentariam as chances de cura, que são enormes”, explicou.
Com a rouquidão, outros sintomas podem ser a dificuldade de engolir ou respirar, sangramentos ou a perda total da voz nesse período de tempo. Neste caso, é recomendado procurar um médico o quanto antes.