De acordo com estudo publicado pela Deloitte, estima-se que, em 2018, 65% das interações entre pacientes e instituições de saúde nos Estados Unidos ocorrerão com uso de telemedicina. O número mostra uma tendência mundial: as instituições de saúde têm utilizado a tecnologia para promover o cuidado fora de seus muros.
A telemedicina não se limita às consultas virtuais, que hoje são vedadas no Brasil pelo Conselho Federal de Medicina. Ela engloba uma série de tecnologias para promover o cuidado mesmo fora das instituições de saúde. Um exemplo são os projetos e atendimentos que envolvem um cuidado global e de longo prazo dos indivíduos, realizados a distância, e que podem ser muito interessantes para a saúde suplementar.
Chao Lung Wen, chefe da disciplina de Telemedicina da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, destaca que, com o envelhecimento progressivo da população e o aumento da incidência de doenças crônicas, as inovações têm um papel importante na ampliação de alternativas da assistência na saúde suplementar.
“De modo geral, as operadoras podem traçar um perfil do indivíduo e até realizar um coaching virtual, um treinamento de hábitos de saúde. Com a evolução disso, chegará o momento em que a inteligência artificial poderá acompanhar os segurados, com apoio das equipes multiprofissionais”, explica o especialista.
Mesmo hoje, tecnologias já existentes, como os aplicativos de monitoramento e os serviços de mensagens, podem ser utilizadas como ferramentas para um cuidado que coloca o paciente como centro e agente ativo no seu próprio cuidado.
“Atualmente, na maioria dos planos, ainda se faz a cobertura da doença, quando o melhor cenário seria fazer a gestão da saúde. Quando se pensa em um plano de saúde já se remete a um sinistro alto. Por isso, as operadoras precisam, cada vez mais, desenvolver programas de gestão do bem-estar e ter ações fortes na Saúde Integral, e os meios eletrônicos são excelentes ferramentas nesse processo”, explica Chao Lung Wen.
No Brasil, a telemedicina ainda tem um longo caminho a percorrer. A perspectiva, porém, é que a regulação do setor acompanhe o surgimento de novas tecnologia, que farão com que o profissional de saúde assuma o papel de gestor do cuidado. E isso certamente trará novas perspectivas para a saúde suplementar, diminuindo custos e elevando a qualidade da assistência.