De: 18/09/2018
Até: 19/09/2018
Local: São Paulo
Um mesmo olhar e uma nova construção de valores na saúde suplementar
Os números impressionam: 160 milhões de brasileiros são dependentes do SUS – Sistema Único de Saúde -, 800 milhões de exames e 1,4 bilhões de consultas são realizados ao ano. Essas são informações compartilhadas por Francisco Figueiredo, secretário do Ministério da Saúde, durante apresentação do tema Value-based Healthcare para Medicina Diagnóstica, no HIS – Healthcare Innovation Show 2018, que aconteceu quinta-feira, 20, na SP Expo.
O assunto foi abordado por experts do setor para uma melhor compreensão de valores e resultado por performance na saúde suplementar. “Há uma necessidade de termos a mesma percepção. Quando se fala em humanização, existem três pilares: os relacionados aos gestores, aos colaboradores e, principalmente, aos pacientes. É preciso ser feita uma convergência dessa necessidade. Nesse momento em que se vive um período eleitoral, devemos estar juntos na construção de um sistema melhor de saúde para os brasileiros”, explicou Figueiredo.
Para Flávio da Costa Vieira, superintendente-geral da Unimed Porto Alegre, o evento foi imprescindível para a troca de informações e diferentes experiências. “Para nós, do sistema Unimed, ele é bastante importante por propiciar um momento em que nós conseguimos fazer uma interação com outros setores, seja de prestadoras de serviços ou até mesmo outras operadoras, para que possamos começar a debater uma pauta em comum em defesa de um sistema de saúde, que hoje é algo urgente de ser discutido em nível nacional”, afirmou Vieira.
Propostas como a elaboração de protocolos bem criados, incentivo não decorrente do volume e lucro, e sim de uma política de prevenção e desfechos assertivos, assim como uma educação médica de qualidade, foram pontos de reflexão em termos da saúde suplementar e dos aspectos que pesam na entrega de valor ao paciente. “Estamos falando de cultura. É preciso apostar em mudanças. Os médicos, por exemplo, não são preparados para a solicitação de exames. O resultado vem e alguns não sabem interpretar, há uma deficiência na formação. Essa preparação é importante. Hoje são cerca de 6.500 médicos cooperados”, lembrou Vieira.
Os especialistas também apontaram alguns elementos vistos como reais valores para os pacientes. Para muitos, o excesso de volume está associado a uma saúde de qualidade, sendo que o número de exames solicitados – muitas vezes sem a devida necessidade – não é garantia de eficiência.
Um dos grandes desafios defendidos pela ala de especialistas é adequar as questões de valor e qualidade para toda a sociedade e redesenhar um modelo que priorize capacitação do profissional da área médica, qualidade e conforto no atendimento e outras estruturas de cuidados, ressignificando o modelo assistencial ao de remuneração com alta performance. “Esse encontro é bastante oportuno porque algumas Unimeds que encontramos por aqui e outros setores da saúde suplementar começam a mostrar suas experiências, mesmo que ainda incipientes, e projetos-pilotos, que despertem a ideia de que esse é o caminho da medicina e da saúde suplementar no Brasil”, complementa Vieira.
A transformação efetiva do comportamento do corpo clínico agrega real valor na gestão da saúde
Mudar o modelo assistencial, promover o engajamento médico e imprimir a cultura da experiência do paciente. Esses foram alguns temas discutidos no debate sobre Avaliação de Corpo Clínico como Passo para Entrega de Valor, apresentado no HIS – Healthcare Innovation Show 2018 -, um dos eventos mais importantes da área de saúde, que reuniu os principais líderes do setor, na quinta-feira (20), na SP Expo.
Especialistas compartilharam a preocupação em implantar uma dinâmica mais atual e eficaz no sistema de saúde com um novo propósito. “É fundamental entender o valor da saúde sob a ótica da gestão do corpo clínico. A gente vai ter que repensar os processos a prazos mais curtos. O aumento do custo assistencial, que todas as operadoras têm, principalmente as seguradoras, está pressionando muito por essa mudança“, comentou o presidente da Seguros Unimed, Dr. Helton Freitas.
Para os experts, o grande desafio é desenvolver um modelo gerador de transformação, que alie atendimento de qualidade com bons indicadores para um valor mais ajustado e, com isso, manter um alto índice de clientes na base. “O paciente está perdendo essa ilusão que quanto mais equipamento e tecnologia, ele vai ter uma saúde melhor. As pessoas estão entendendo que um cuidado gerenciado traz mais resultados do que ter acesso à tecnologia sem nenhum critério de utilização“, completa Dr. Helton.
Uma das iniciativas para melhor êxito na saúde é o investimento na administração de bons resultados do corpo clínico. E isso tem como premissa trazer o médico para a realidade da assistência baseada em valor, em que ele apostará na melhor escolha por procedimentos adequados, conscientização do trabalho de prevenção, otimização de gastos, e acima de tudo, ampliar o canal com o paciente. “A mudança de postura do corpo clínico, especialmente da figura do médico em aceitar em trabalhar em equipe, levantar e comparar dados e criar indicadores. É para essa direção que as mudanças estão apontadas.“, prevê.
Renovar o modelo de remuneração, desenvolvendo um outro padrão de pagamento por performance, também é um dos caminhos de incentivo para provocar esse despertar de comportamento para um profissional mais colaborativo. A ideia é ter um engajamento significativo tanto do médico quanto do paciente. Essa proximidade permite apontar os devidos problemas da área para a busca de soluções e um modelo futuro que agregue novos valores ao sistema de saúde.