Falar sobre inclusão de pessoas com deficiência (PCDs) no mercado de trabalho é lidar com preconceitos, estigmas e tabus. Superá-los não é apenas questão de cidadania, mas, também, pode ser extremamente benéfico para os gestores da área da saúde que decidirem enfrentar a questão de peito aberto.
Seja em clínicas, hospitais ou consultórios, estes profissionais dão o seu melhor. “Quando você contrata uma PCD, ela vai se sentir valorizada, e profissionais reconhecidos vestem a camisa da empresa, são muito produtivos e engajados”, diz a especialista em acessibilidade e inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, Renata Lelis.
A partir deste momento, os funcionários que cercam este profissional passam a enxergar o mundo de maneira mais ampla, abrindo sua mente e entendendo que deficiências não definem caráter ou capacidade de trabalho. “A empresa que se abre para a diversidade constrói um ambiente que respeita as diferenças. Só há crescimento quando estamos em um ambiente com pessoas diferentes, que pensarão soluções diferentes para agregar com um todo”, completa Lelis.
Empresas da área da saúde têm um ganho especial ao incluir PCDs em seu time: “Elas têm a chance de lidar diretamente com as deficiências, conhecendo profundamente as singularidades de cada um. Dessa forma, é possível diminuir ou excluir totalmente o preconceito com os pacientes, pois o convívio torna as atitudes mais naturais”, afirma a especialista em educação inclusiva, pedagoga e presidente do Instituto Surdo Mundo, Karina Zonzini.

O que o cooperativismo tem a ver com inclusão de PCDs?
Cooperativas e organizações cooperativistas têm tomado atitudes para abraçar PCDs de maneira natural e frutífera – não apenas por seus princípios, mas também por entenderem este potencial. “O cooperativismo é uma forma de organização participativa e democrática, logo, é extremamente propício para a diversidade de colaboradores”, relembra Karina.
Não é por acaso que, em 2017, o mote do Dia Internacional das Cooperativas – idealizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) – foi assegurar que ninguém fique para trás. De acordo com o superintendente da Organização das Cooperativas Do Brasil (OCB), Renato Nobile, o objetivo é ir além da Lei de Cotas, preocupando-se com a geração de trabalho, renda, inclusão e dignidade.
“Nosso trabalho se pauta pela inclusão de todos, por meio da capacidade produtiva de cada um. Tanto é que dos 13 ramos do cooperativismo, um é o Ramo Especial, formado exatamente por pessoas com algum tipo de deficiência. Por meio das cooperativas especiais, como são chamadas, muitos conseguem realizar seus sonhos, pois se profissionalizam e se tornam protagonistas dos próprios destinos.”
Outras entidades cooperativistas também vêm mostrado como a inclusão funciona na prática, caso do Sescoop/SP. Desde 2014, a entidade organiza um workshop de inclusão social no cooperativismo. A programação inclui massagem inclusiva – feita por deficientes visuais – e palestras que abordam desde a contratação e retenção de profissionais com deficiência até a importância da diversidade e inclusão social. Há, ainda, ações avulsas, como os diversos cursos de Libras (Linguagem Brasileira de Sinais).
“No cooperativismo, estimular a empregabilidade de pessoas com deficiência é uma prática mais que natural. Faz parte da nossa constituição. Essas pessoas têm muito a nos ensinar e, assim, a contribuir com a construção de um país mais justo, equilibrado e com mais oportunidades para todos”, finaliza Nobile.


















