O chamado “movimento antivacina”, na verdade, não é um único movimento. Ao longo da história, grupos de naturistas e de alguns ramos da medicina chamada alternativa questionaram de formas variadas as vacinas e muitas vezes defenderam a “imunidade natural”. Mas este disperso “movimento” ganhou um outro contorno a partir da publicação de um artigo científico de autoria de Andrew Wakefield na prestigiada revista científica Lancet em fevereiro de 1998. O então médico, a partir de uma série de doze casos, associava o desenvolvimento de autismo com “desencadeadores” ambientais, dentre eles a vacina chamada tríplice viral (Sarampo, Caxumba e Rubéola, ou MMR, da sigla em inglês).
Uma investigação do jornal Sunday Times apontou, em 2004, que algumas dessas crianças haviam sido recrutadas por advogados que preparavam uma ação judicial em conjunto com famílias de crianças autistas contra fabricantes da vacina. E mais tarde soube-se que estes mesmos advogados financiaram o médico que conduziu a pesquisa, sendo que este conflito de interesse não havia sido declarado. Em consequência, o Lancet fez ainda em 2004 uma “retratação parcial” e, em 2010, uma “retratação completa” do artigo. Ainda em 2010, o médico teve o diploma cassado e foi proibido de praticar medicina no Reino Unido, mas o estrago já havia sido causado.