Os wearables – ou gadgets vestíveis – estão cada vez mais presentes no dia a dia da população, sobretudo por serem incorporados a acessórios comuns, como relógios, pulseiras ou cintos, por exemplo. A tecnologia, baseada em biossensores capazes de coletar, processar, armazenar e compartilhar via internet os dados relacionados ao corpo e à saúde de quem os utiliza, é apontada por muitos como um grande avanço, capaz de reduzir gastos com serviços de saúde e até de aumentar a satisfação dos próprios médicos. Um novo estudo realizado por pesquisadores do Hospital Cedars-Sinai, de Los Angeles (EUA), e publicado no Digital Medicine, no entanto, aponta a insuficiência de provas de que esses dispositivos, quando utilizados para monitoramento remoto, melhorem resultados clínicos dos pacientes.
O levantamento surge em um momento em que é grande o interesse de empresas de tecnologia e instituições de saúde em usar esses dispositivos para auxiliar no cuidado com o paciente. A pesquisa avaliou estatisticamente outros 27 estudos publicados entre janeiro de 2000 e outubro de 2016 sobre a utilização de wearables e biossensores em monitoramento remoto, todos feitos no formato randomizado com pacientes com excesso de peso, doenças cardiovasculares, pulmonares ou Parkinson, dor crônica ou que sofreram acidente vascular cerebral. Os dispositivos utilizados incluíam rastreadores de atividades físicas, fiscalizadores de pressão arterial, eletrocardiogramas, balanças eletrônicas, medidores de aceleração, entre outros.
Como resultado, a investigação não encontrou impacto significativamente grande dessas tecnologias em fatores como massa e percentual de gordura corporal, circunferência da cintura e pressão arterial sistólica e diastólica. A análise chegou a encontrar, em 16 dessas publicações, indícios de que esses dispositivos são promissores quando se trata da melhora nos quadros de pacientes com condições específicas, dentre as quais estão incluídas doença pulmonar obstrutiva, doença de Parkinson, hipertensão e dor lombar. Em apenas um dos estudos considerados os gadgets de monitoramento exerceram impacto positivo na pressão sanguínea de adultos, com 55 anos ou mais. Em geral, alguns tipos de intervenção foram mais bem-sucedidos, sobretudo quando, juntamente da tecnologia, eram estabelecidos caminhos a serem seguidos ou foi utilizado um tipo de coaching personalizado.
Os autores, no entanto, esclarecem que muitos dos Wearables disponíveis no mercado não foram rigorosamente testados para serem utilizados como ferramentas geradoras de resultados clínicos confiáveis e alertam a comunidade médica para proceder com cautela quando utilizar esses dispositivos para monitoramento remoto de pacientes. Segundo afirmou Michelle S. Keller, coautora do estudo, em entrevista para o site do Ceders-Sinai, há uma grande diferença entre usar esses biossensores simplesmente para monitorar o sono, por exemplo, e tomar decisões médicas a partir dos resultados coletados por eles.
Para finalizar, os pesquisadores ainda afirmam que os resultados não devem desanimar aqueles que acreditam na integração dos wearables em casos de monitoramento remoto. Segundo publicação do médico Brennan Spiegel, um dos envolvidos no projeto, são necessários mais dados e pesquisas precisas acerca do tema. Dos 4 mil estudos pesquisados para compor a análise, menos de 1% se enquadrava nos requisitos preestabelecidos pelos autores e apenas 16 foram considerados de alta qualidade.



















