Um estudo feito no Johns Hopkins Kimmel Cancer Center, nos Estudos Unidos, e publicado na revista Nature descobriu que uma proteína de adesão celular chamada E-cadherin permite que as células cancerígenas sobrevivam, enquanto viajam pelo corpo, para formar novos tumores. Com a descoberta, os estudiosos conseguiram mapear com maior precisão as células que se deslocam de outros órgãos e causam metástase no organismo. O mapeamento poderá permitir novas formas de prevenção em pacientes com reincidência da doença.
Para chegar a essa conclusão, a pesquisa realizou testes de laboratório com ratos, utilizando células de câncer de mama. Para tanto, foram selecionados três modelos de carcinoma ductal invasivo, os subtipos mais comuns em humanos (luminal, basal e triplo negativo). Primeiro, foi testado o papel da proteína durante a invasão do câncer. Nos três modelos foi observado que a perda do gene da proteína aumenta a capacidade das células de invadir os tecidos saudáveis. Em um dos modelos, os tumores com células sem a proteína avançaram em 82% das vezes.

Entretanto, a perda da proteína acabou sabotando os outros estágios da metástase, tanto na fase de testes em laboratório quanto na realizada nos animais. Foi percebido que a ausência da E-cadherin permitia que as células migrassem e morressem em grande quantidade em todos os estágios pós-tumor primário. Aquelas que conseguiam sobreviver, por sua vez, não se proliferavam em outros órgãos. A conclusão, a partir disso, é que a proteína retarda a invasão das células cancerígenas, visto que precisam estar conectadas antes de cair na corrente sanguínea.
A pesquisa sugere que apenas 1% das células que saem do tumor primário não morre e pode formar novos tumores. Os resultados foram inesperados para os pesquisadores, que, inicialmente, acreditavam que a metástase ocorria diante da perda de E-cadherin pelas células. Nas pesquisas anteriores, entretanto, não ficava claro por que os tumores dos pacientes ainda mantinham a proteína E-cadherin. Diante de um processo ainda pouco conhecido, como é o da metástase, e que ainda é a maior causa de mortalidade por câncer no mundo, o estudo coloca-se na vanguarda das tentativas de compreender esse fenômeno.


















