Nos últimos meses, discutimos a desaceleração da atividade econômica mundial em resposta ao aumento da taxa de juros nos Estados Unidos, os efeitos da guerra comercial e choques idiossincráticos em alguns países. Os indicadores recentes continuam corroborando essa visão.
Nos Estados Unidos, as vendas de imóveis recuaram nos últimos doze meses. As exportações estão caindo em vários países asiáticos, como na China e na Coréia do Sul. Na Alemanha, as encomendas recebidas pelas empresas locais deterioraram no ano passado, o que prejudicará a produção europeia nos próximos meses.
A incerteza sobre o futuro da economia mundial levou várias autoridades a mudarem seus discursos. O caso mais relevante foi a sinalização do banco central americano de que poderá interromper o ciclo de aumento da taxa de juros, o que beneficia a liquidez.
Assim, o mercado financeiro internacional apresentou desempenho positivo em janeiro, o que ajudou a impulsionar vários países emergentes.

Enquanto isso, vamos postergar novamente a nossa reforma.
O governo Bolsonaro enviou uma nova Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Reforma da Previdência ao Congresso Nacional no final de fevereiro, ao invés de aproveitar aquela que já está em tramitação na Câmara dos Deputados.
Iniciar da estaca zero diminui o risco de contestação judicial, pois a proposta da nova equipe econômica difere daquela aprovada nas comissões. Por outro lado, precisaremos refazer todo o trâmite regimental na Câmara dos Deputados (aprovar nas comissões), o que custará alguns meses a mais.
O adiamento do prazo da aprovação da Reforma da Previdência deve levar alguns empresários a postergarem suas decisões de investimentos e a contratação de novos trabalhadores. Assim, a esperada aceleração da atividade brasileira também poderá ser postergada por mais algum tempo.
Isso não indica que a economia continuará estagnada nos próximos trimestres. Os motores para uma recuperação de curto prazo estão acionados, como o baixo patamar da taxa de juros. Um exemplo é a taxa de juros para os próximos cinco anos no mercado futuro, que diminuiu de 12% ao ano em meados de setembro para cerca de 8,5% ao ano no início de fevereiro. O ambiente mudou.

Figura 1. Taxa de juros futura.
Fonte: Bloomberg
Portanto, a postergação da Reforma da Previdência deve prejudicar o ritmo de aceleração da atividade econômica desse ano. Isso não significa que teremos necessariamente um ano ruim; apenas que 2019 pode não ser tão brilhante como poderia ser.


















