A união de um grupo de 28 operários em Rochdale, noroeste da Inglaterra, em 1844, para montar o próprio armazém criou as bases do cooperativismo. É bem provável que eles não imaginassem que, 179 anos depois, haveria 3 milhões de cooperativas no mundo, com mais de 1 bilhão de cooperados, que geram 280 milhões de empregos. No Brasil, são quase 18,9 milhões de pessoas e mais de 493 mil empregos, segundo o Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2022.
No último sábado, 1º de julho, comemoramos o Dia Internacional das Cooperativas. O tema deste ano é ‘Cooperativas para um Desenvolvimento Sustentável’.
A maior disrupção da saúde brasileira, certamente, ocorreu em ambiente cooperativista. Em dezembro de 1967, um grupo de médicos liderado pelo Dr. Edmundo Castilho criou a primeira União dos Médicos, mais conhecida pela sigla Unimed, em Santos (SP). Essa ousadia resultou em 340 cooperativas, com 118 mil médicos cooperados que atendem 19 milhões de clientes. Além de 150 hospitais, laboratórios, clínicas e outros recursos próprios. E vale reforçar que o ecossistema Unimed contempla ainda um amplo portfólio de seguros, asset management, odontologia, fundação, faculdade e uma holding, que lidera novos negócios da marca.
Outro ramo de sucesso do cooperativismo é o agronegócio, que tem sido o motor da economia brasileira nos últimos anos: exportou US$ 159 bilhões no ano passado, 47% do valor total das exportações nacionais em 2022. No ano anterior, o ramo agropecuário contava com 1.170 cooperativas, mais de 1 milhão de cooperados e 239.628 empregados.
O modelo de negócio de crédito também é outro ramo sólido, com números impressionantes. Hoje, existem 763 cooperativas de crédito e, segundo o Sistema Financeiro Nacional (SFN), é o segmento que mais cresce no Brasil. Somente no ano passado, R$ 518,8 bilhões em crédito foram movimentados. Com mais de 13,9 milhões de cooperados, essas cooperativas estão presentes em mais de 5,2 mil municípios brasileiros.
As cooperativas de reciclagem de resíduos, por exemplo, desenvolveram-se muito nos últimos anos. Em 2021, injetaram mais de R$ 17 bilhões nos cofres públicos, e outros R$ 18 bilhões na economia. Mas o potencial desta atividade é muito maior. Segundo Márcio Lopes de Freitas, presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), o Brasil tem capacidade para faturar R$ 1 trilhão e chegar a 30 milhões de cooperados em 2027.
Neste mundo em transição, no qual as relações de trabalho se transformam diariamente e há necessidade de acelerar o combate ao aquecimento global, o cooperativismo é uma excelente forma de empreendimento para a economia criativa, atividades ambientais e de alta tecnologia.
O modelo de negócio cooperativista ainda continua nos surpreendendo e abrindo horizontes promissores para o desenvolvimento sustentável, com inclusão social pelo compartilhamento do trabalho e da renda.
Helton Freitas
Presidente da Seguros Unimed


















