A vasectomia é um dos métodos mais seguros e eficazes quando o assunto é prevenção da gravidez. E não é só isso: um estudo publicado na Central European Journal of Urology mostrou que os homens que fizeram o procedimento tiveram resultados melhores em relação à função erétil, orgasmo, desejo e satisfação sexual.
Com o tempo, a técnica passou por inovações e, a cada ano que passa, mais homens se interessam pela vasectomia. No Brasil, desde 2001, a procura pelo procedimento cresceu mais de 300%, de acordo com dados do Sistema Único de Saúde (SUS). Ainda que os dados não incluam o impacto da pandemia, a vasectomia continua sendo muito visada e recomendada.
Como é feita a vasectomia?
Na cirurgia, a equipe realiza uma anestesia local e retira um fragmento de cada um dos dois canais que levam os espermatozoides dos testículos ao pênis. O procedimento leva de 15 a 20 minutos e a pessoa é liberada no mesmo dia. Inclusive, a vasectomia raramente traz qualquer inconveniente ou complicações.
Após a cirurgia, o homem continua a ejacular porque a maior parte do esperma vem da próstata e das vesículas seminais, mas sem espermatozoides.
Dúvidas dos pacientes
Uma questão que precisa ser tratada em consultório, antes do procedimento, é a possibilidade de falhas na cirurgia: apesar de raros, em cerca de 0,5% a 2% dos casos, os tubos deferentes podem se unir sozinhos e reverter a vasectomia sem necessidade de interferência médica.
Um outro tópico que deve ser abordado é o consentimento do paciente (confira o modelo aqui). Além disso, é importante esclarecer os seguintes “mitos” relacionados à vasectomia, como:
- a cirurgia não diminui a libido do homem;
- também não causa impotência sexual e nem causa câncer;
- a vasectomia não impede a parceira de engravidar no futuro;
- o procedimento não diminui os testículos ou o pênis;
- também não afeta a ereção e nem a ejaculação.
Vasectomia pode ser revertida
Uma dúvida bastante comum dos pacientes é em relação ao procedimento ser ou não permanente. É importante deixar claro que a vasectomia pode ser revertida a qualquer momento, mas o sucesso da operação não pode ser garantido.
“O fator decisivo é o tempo: se for após cinco anos da vasectomia, há sucesso em 80% dos casos, de 5 a 10 anos após a primeira operação, o sucesso já cai para 50%, se passar de 10 anos, apenas 30%”, afirmou Flávio Trigo, urologista do hospital Sírio-Libanês, ao UOL.
O paciente deve ser orientado que a cirurgia de reversão da vasectomia é mais trabalhosa e demorada porque, dentre outros motivos, precisa de anestesia geral e é mais delicada, requisitando maiores tecnologias.
Consentimento da(o) parceira(o)
Embora existam projetos no Legislativo brasileiro propondo a mudança da Lei do Planejamento Familiar, procedimentos como a vasectomia e a laqueadura, que impactam a vida do casal, ainda precisam da autorização do parceiro ou da parceira.
Além disso, o homem precisa ter 25 anos ou mais, pelo menos dois filhos vivos e o mínimo de 60 dias entre a manifestação do desejo pela cirurgia e o procedimento.
Vida sexual depois da vasectomia
Depois do procedimento, é recomendado que o paciente passe de uma semana a um mês sem atividades sexuais. Após retomadas, é importante frisar a recomendação de outro método contraceptivo por, pelo menos, 40 dias – já que os espermatozoides podem continuar vivos no canal.
Depois desse tempo, que compreende entre 20 e 30 ejaculações por relação ou masturbação, um espermograma deve ser realizado. Caso seja confirmada a ausência dos espermatozoides no esperma, a atividade sexual já pode ser retomada sem método aliado.
No entanto, é fundamental reforçar aos pacientes que o procedimento não protege contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como herpes genital, gonorreia, HPV, HIV, sífilis, entre outras. Portanto, o uso do preservativo não deixa de ser essencial.