Unimed Santa Bárbara d’Oeste e Americana, localizada no estado de São Paulo, é exemplo de como o modelo de atenção primária tem se voltado, cada vez mais, para o conceito de atenção integrada e preventiva. “Essa proposta nasce de uma necessidade. Cada vez mais a população está envelhecendo e aumenta prevalência de doenças crônicas que demandam um monitoramento contínuo por muito tempo”, explica Gustavo Quinteiro, coordenador médico da Unimed Santa Bárbara d’Oeste.
No modelo, que começou a ser desenvolvido em 2015 nas clínicas da operadora, o paciente é designado a um médico de família e a um enfermeiro. Esse último entra em contato com o cliente para traçar seu perfil de saúde, antes mesmo que venha a precisar de uma consulta. Assim, a equipe fica preparada para uma abordagem mais eficiente desde o primeiro atendimento para fortalecer um relacionamento de médio e longo prazo e, talvez, por toda uma vida.
Quando precisar, o paciente passará primeiro pelo médico de família, que considera o indivíduo dentro de seu contexto familiar, cultural e social e pode realizar uma acurada investigação do estado de saúde do paciente. Cada médico possui uma carteira com número conhecido de pacientes e horas, o que lhe permite estabelecer uma melhor organização da agenda.
O agendamento também difere do modelo tradicional. Parte dos horários permanece livre para a marcação de consultas em até 48 horas. “O cuidado é centrado na pessoa. Não adianta oferecer uma consulta daqui a 30 dias quando o paciente tem uma queixa hoje. Então isso nos permite atender no horário e tempo certos. Sei o tamanho da minha carteira e quantas horas tenho que atender, além de quantas consultas posso oferecer por dia”, diz Quinteiro.
Cabe ao médico da família indicar o atendimento por outros profissionais, quando necessário, contando com a equipe multifuncional de um dos programas de Atenção Integral da cooperativa. Esses programas são formados por um completo time de nutricionistas, educadores físicos, psicólogos, entre outros, todos localizados estrategicamente nas clínicas de atenção primária. Na prática, esses profissionais elaboram atividades, trabalham com acompanhamento e prevenção das condições crônicas prescrevendo dieta balanceada, exercícios físicos e atividades personalizadas ou em grupos.
A equipe multiprofissional tem o acesso ao prontuário eletrônico do paciente e trabalha em conjunto com a equipe de atenção primária. Em alguns casos, o enfermeiro fica responsável por fazer o telemonitoramento dos pacientes, lembrando-os de exames e os ajudando com dúvidas a respeito de ministração de medicamentos e outros fatores ligados ao seu cuidado. Em 2017, foram realizados 42 mil teleatendimentos.
Crescimento e efetividade
Em 2015, a iniciativa contava com 2.132 beneficiários. Atualmente são 3.097. Os primeiros resultados já começam a aparecer. Numa estimativa inicial, se avalia uma taxa de 15% menos atendimentos feitos em pronto-socorro do que na média da operadora como um todo.
Quanto ao futuro, para Gustavo Quinteiro, cada vez mais o cuidado médico no Brasil vai ser realizado combinando uma atenção primária forte e uma rede referenciada bem estruturada. “Toda instituição que tem uma atenção primaria forte utiliza melhor seus recursos financeiros. Nem sempre gastar mais significa qualidade”, avalia o médico. O foco é tratar pessoas e não doenças, centrando o cuidado no indivíduo e apresentar soluções mais completas, de menor custo e maior efetividade.