Organizar bases de dados, diante da profusão de informações geradas por minuto no meio digital, é um dos maiores desafios do século 21. Quando executado, contudo, esse trabalho pode conferir maior precisão e direcionar respostas mais efetivas aos problemas do dia a dia de uma organização. Sabendo disso, a Unimed Belo Horizonte apostou em um projeto que sistematiza e gerencia dados sobre diagnósticos dos clientes, desmembrado em uma série de aplicações que ajudarão a cooperativa na tomada de decisões. A iniciativa foi escolhida como o melhor case de Sustentabilidade e Epidemiologia do Prêmio Inova+Saúde, realizado durante a 49ª Convenção Nacional Unimed, no começo de outubro, em Natal (RN).
Em processo de implementação na cooperativa, o projeto nasceu com o propósito de reunir, em uma única base de dados, todas as informações sobre o perfil de doenças dos clientes. “Nas operadoras de planos de saúde no Brasil, informações sobre as comorbidades dos clientes encontram-se, em geral, dispersas em bases de dados diferentes: do hospital, ambulatorial, de utilização. Isso é um obstáculo significativo no momento de analisar o perfil de doenças dos clientes, pois é preciso lançar mão de várias fontes de informação”, explica o gerente de Pesquisa e Avaliação de Tecnologias em Saúde, Fernando Biscione.
Para alocar todos os dados em um repositório, o foco foi direcionado para aquelas doenças codificadas de acordo com a Classificação Internacional de Doenças, versão 10 (CID-10) durante o atendimento médico aos clientes. Este repositório integra, numa única base de dados, todos os diagnósticos nosológicos dos clientes que já passaram pela cooperativa. “Tínhamos o desafio de, além de integrar as informações, qualificá-las. A primeira entrega do repositório organizado e qualificado aconteceu no início de maio de 2019. A partir daí, foi possível desenvolver aplicações práticas”, detalha a gerente de Desenvolvimento de Informações para o Negócio, Cynthia Bicalho Maluf Araujo.
Uma das aplicações desenvolvidas visou classificar a nosologia e a gravidade das doenças dos clientes, partindo de modelos da literatura consagrados pelo uso, como os de Mary Charlson, Anne Elixhauser e Chris Feudtner, gerando um perfil epidemiológico da carteira. Outra aplicação desenvolvida possibilitou correlacionar a gravidade das comorbidades dos clientes e desfechos adversos de interesse, como utilização do plano, internação ou óbito. “Essas aplicações nos ajudaram a quantificar o risco que determinadas comorbidades trazem para o cliente. Com isso, podemos traçar ações mais proativas na detecção e encaminhamento dos pacientes para programas e intervenções em saúde”, explica Fernando Biscione.
O projeto ainda contemplou outras duas aplicações que utilizaram inteligência artificial. Uma delas fez um recorte voltado para a gestão da carteira dos médicos cooperados, criando um escore de complexidade clínica a partir da configuração específica de comorbidades dos clientes da carteira de cada médico. Já a quarta e última aplicação foi o desenvolvimento de um modelo de predição de internação longa, que serve de suporte à equipe de gestão de risco assistencial, com objetivo de oferecer um serviço com olhar individualizado e com foco em linhas de cuidado.
Além de gerar valor para o cliente e para as áreas de negócio, as tecnologias geradas e desenvolvidas na Unimed-BH com o uso de inteligência artificial podem servir de modelo para outras empresas do setor de saúde. Segundo o diretor de Provimento de Saúde da Unimed-BH, José Augusto Ferreira, a tecnologia já faz parte da realidade da cooperativa. “Nosso foco é usá-la a nosso favor para melhorar a experiência dos nossos clientes. O reconhecimento do prêmio Inova+Saúde só reforça que a Unimed-BH está no caminho certo, unindo a inovação à melhoria da qualidade assistencial.”