O brasileiro é famoso pela simpatia, afetividade e… gosto por doce! A nossa devoção pelo açúcar é atribuída à herança portuguesa, mesclada por influências indígenas e africanas. Portanto, vem de longe o apreço do povo pela doçaria. Atualmente, o Brasil figura na quarta posição de maior nação consumidora de açúcar do mundo.
A má notícia é que os brasileiros consomem até 50% mais açúcar do que deveriam, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). A instituição recomenda que o consumo fique entre 5% e 10% do total das calorias ingeridas o dia inteiro, o que dá em média 25 g (6 colheres de chá). O problema do abuso recai, para a elevação do risco de obesidade e doenças crônicas como diabetes, hipertensão e câncer.
De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil é o 5º país em incidência de diabetes no mundo, com 16,8 milhões de pacientes adultos (20 a 79 anos). Perde apenas para China, Índia, Estados Unidos e Paquistão.
Alerta aos pacientes
Por isso, os médicos têm alertado seus pacientes, sobretudo, para o açúcar que “não enxergamos”; aquele presente em alimentos embalados e bebidas.
Um estudo do Hospital Geral de Massachusetts, recém-divulgado, revelou que cortar 20% do açúcar dos alimentos embalados e 40% das bebidas poderia prevenir mais de 2,48 milhões de eventos de doenças cardiovasculares (como derrames, ataques cardíacos, paradas cardíacas), 490.000 mortes cardiovasculares e 750.000 casos de diabetes nos Estados Unidos durante a vida da população adulta.
“A redução do teor de açúcar em alimentos e bebidas preparados comercialmente terá um impacto maior na saúde dos americanos do que outras iniciativas para reduzir o açúcar”, afirmou Siyi Shangguan, uma das autoras do estudo e médica da instituição, que é o maior hospital universitário da Harvard Medical School.
Em 2018, o Ministério da Saúde assinou um acordo com a indústria alimentícia para reduzir o teor de açúcar dos alimentos até 2022. Se todos os fabricantes cumprirem as metas, a diminuição será de 144 mil toneladas de açúcar. Cinco categorias de alimentos fazem parte do acordo: bebidas açucaradas, biscoitos, achocolatados, produtos lácteos, bolos e misturas. O acordo segue o mesmo modelo do firmado para redução de sódio, que diminuiu mais de 17 mil toneladas de sódio dos alimentos processados em quatro anos.
Doces na pandemia
Em um movimento contrário ao recomendado, o consumo de açúcar cresceu na pandemia. Uma pesquisa realizada pela Fiocruz em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) mostrou aumento de 7% no consumo de doces e chocolates pelas mulheres, entre abril e maio de 2020, em comparação ao período anterior ao surto de covid-19. O home office e a ansiedade causada pela crise sanitária são apontados como os impulsionadores da mudança de comportamento.
Portanto, vale a pena enfatizar aos pacientes que os açúcares podem constar nos alimentos com os nomes de dextrose, dextrina, frutose, glicose, glucose, maltose, maltodextrina, oligossacarídeos, sacarose, xarope glucose-frutose, xarope de milho, entre outros.