Hoje, o cartão de crédito é responsável pela maioria dos endividamentos no Brasil. Ao mesmo tempo em que esse é um produto que pode facilitar a vida dos consumidores, também pode ser extremamente tóxico para as suas finanças. Prova disso é que, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 20% dos brasileiros utilizam o cartão como uma extensão da renda.
O levantamento revelou que 33% dos entrevistados afirmaram que já tiveram o cartão bloqueado por conta de atraso no pagamento da fatura – realidade mais presente nas classes C, D e E. Já 48% ficaram com o nome sujo nos últimos 12 meses, devido à inadimplência. Os dados são do início de junho e a pesquisa ouviu 910 pessoas, acima de 18 anos, de ambos os gêneros, de todas as classes sociais e nas 27 capitais.
Para tentar mudar essa realidade, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou mudanças nas regras do cartão de crédito no fim de abril, principalmente em relação ao crédito rotativo. Confira o que muda:
Agora, as operadoras dos cartões estão livres para definir o valor mínimo das faturas. Isso ocorrerá de acordo com o perfil de cada cliente e do seu histórico com a instituição. Antes da mudança, o mínimo era de 15% do valor total.
Até abril, quem entrava no rotativo do cartão e pagava 15% da fatura entrava na categoria ‘regular’ – quando os juros eram, em média, 239% ao ano. Os que não pagavam nem o mínimo eram colocados na categoria ‘não regular’ por até 30 dias, com taxas de 397% ao ano. Agora, não poderá mais ocorrer essa diferenciação e todos os consumidores devem entrar na categoria ‘regular’. Os bancos ficam obrigados a avisar o cliente pelo menos 30 dias antes da cobrança.

Primeiro passo para se livrar das dívidas é ter organização
Se você já está no rotativo do cartão de crédito, a dica é ter o máximo de organização possível. Para isso, planeje as compras efetuadas no cartão com antecedência e verifique se as parcelas não irão comprometer o seu orçamento. Se puder, evite compras parceladas, pois assim não corre o risco de cair no rotativo.
Depois de conseguir quitar todas as pendências, procure formas de ter o seu nome limpo junto aos órgãos de proteção ao crédito, pois restrições afetam diretamente no seu score. “Essa é uma das ferramentas que os bancos analisam antes de uma liberação de crédito. Estar inadimplente e não honrar com os seus compromissos financeiros dificultará sua situação caso necessite pagar o mínimo do cartão, pois o banco entenderá que existe um risco elevado de não receber. Nesse caso, você poderá ter uma taxa alta para o pagamento do mínimo”, comenta Bruno Soares, especialista em finanças.
O cartão de crédito nem sempre é o vilão
O cartão de crédito pode ser útil para sua rotina – na aquisição de um novo equipamento, por exemplo. Ou ainda quando você tem acesso ao cartão de crédito corporativo, principalmente quando é o proprietário da empresa e responsável pelas finanças. Neste caso, ele é utilizado para cobrir despesas específicas ou pagar as contas da empresa.
Independentemente de qual for o tipo do seu cartão, é fundamental sempre ter em mente que deve ser utilizado com cautela. Por ser uma modalidade de pagamento simples e com uma série de benefícios, como milhagens, descontos e seguros, muitas vezes é utilizado indiscriminadamente.
De acordo com a coach financeira Juliane Ganem, o planejamento é o único caminho para uma boa saúde financeira. Conhecer suas finanças e saber o quanto pode pagar te dará a segurança necessária para não cair no rotativo do cartão. “O que geralmente acontece é que as pessoas se descontrolam comprando mais do que podem e não conseguem pagar o valor total da fatura. Para evitar o aperto financeiro, poupe pelo menos 20% do salário líquido, como uma forma de construir uma reserva financeira e uma garantia para possíveis surpresas no meio do caminho”, conclui.

















