A pesquisa, publicada na revista científica BMJ, analisou a influência de um dos mais comentados textos do New York Times sobre saúde. Em maio de 2013, a atriz Angelina Jolie assinou um artigo em que afirmava ter realizado uma dupla mastectomia após um teste genético detectar a presença da mutação BRCA 1, fator de risco para câncer de mama.
Nos primeiros 15 dias úteis após a publicação do artigo, houve um aumento de 64% no número de teste BRCA em relação aos 15 dias anteriores. O incremento foi de 4.500 exames. A média saltou de 0,71 para 1,13 teste a cada 100.000 mulheres, de acordo com os pesquisadores. No mesmo período do ano anterior, 2012, não houve aumento das taxas.
O número geral de mastectomias, contudo, não apresentou crescimento nos meses seguintes à publicação, permanecendo em 7 por mês/100.000 mulheres. Levando em conta apenas as cirurgias em mulheres que tinham feito testes BRCA até 60 dias antes, o percentual caiu de 10% entre janeiro e abril de 2013 para 7% de maio a dezembro.
Para os pesquisadores, a queda no percentual de mastectomias após a publicação sugere que as mulheres que passaram a fazer o exame BRCA tinham baixa probabilidade de apresentar a mutação genética.
Ou seja, o endosso de celebridades é uma forma de alcançar grandes audiências rapidamente, mas pode não ser tão eficaz para chegar de fato a quem precisa: as subpopulações que apresentam maior risco para determinada condição.
O estudo completo está disponível no site da BMJ.
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