Os erros decorrentes de procedimentos cirúrgicos podem causar danos e óbitos de pacientes. Nos Estados Unidos (EUA), um estudo sobre a segurança do paciente na Medicina foi impulsionado pelo relatório chamado “Errar é Humano”. Os dados do relatório revelaram que mais pessoas haviam morrido nos EUA em virtude de erros médicos do que vítimas de acidentes de trânsito. Desde então, cada vez mais se debate sobre os danos provocados ao paciente/doente pelo atendimento em saúde, especialmente na área médica.
Com intuito de reduzir os riscos de eventos adversos cirúrgicos e reduzir a mortalidade cirúrgica detectados em serviços de saúde, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou a implantação de protocolos para uma cirurgia segura em serviços de saúde.
No Brasil, a segurança do paciente permeia pelas legislações sanitárias, mas apenas em 2013 iniciou-se um programa oficial sobre o assunto. A Portaria nº 529, de 1º de abril de 2013 do Ministério da Saúde, veio para instituir o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP). Em seguida o Ministério da Saúde, a Anvisa e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), seguindo as diretrizes preconizadas pela OMS para os atos cirúrgicos indicaram o uso de uma lista de verificação de cirurgia segura, também denominada checklist de cirurgia segura. Tudo para aumentar a segurança na realização de procedimentos cirúrgicos, nos locais (sítios) e nos pacientes corretos. A seguir o modelo preconizado:
Fonte: Anvisa
O checklist da Cirurgia Segura contempla medidas para reduzir o risco de eventos adversos (danos ao paciente) que podem acontecer em 3 etapas:
Etapa 1: antes da indução anestésica. Nesse momento o condutor da lista de verificação de cirurgia segura deverá:
- Revisar verbalmente com o próprio paciente se a sua identificação está correta.
- Confirmar se o procedimento e o local da cirurgia estão corretos.
- Confirmar o consentimento para cirurgia e para a anestesia.
- Confirmar visualmente o sítio cirúrgico correto e sua demarcação.
- Em caso do uso de algum monitor, confirmar a conexão no paciente e o seu funcionamento.
- Revisar verbalmente com o anestesiologista o risco de perda sanguínea do paciente, dificuldades nas vias aéreas, histórico de reação alérgica e se a verificação completa de segurança anestésica foi concluída.
Etapa 2: antes da incisão cirúrgica. Neste momento, a equipe fará uma pausa imediatamente antes da incisão cirúrgica, para realizar os seguintes passos:
- Apresentar cada membro da equipe pelo nome e função.
- Confirmar a realização da cirurgia correta no paciente correto, no sítio cirúrgico correto.
- Revisar verbalmente, uns com os outros, os elementos críticos de seus planos para a cirurgia, usando as questões da lista de verificação de cirurgia segura como guia.
- Confirmar a administração de antimicrobianos profiláticos nos últimos 60 minutos da incisão cirúrgica.
- Confirmar a acessibilidade dos exames de imagens necessários.
Etapa 3: antes da saída do paciente da sala cirúrgica. A equipe deverá revisar em conjunto a cirurgia realizada, por meio dos seguintes passos:
- Realizar a conclusão da contagem de compressas e instrumentais.
- Identificar qualquer amostra cirúrgica obtida.
- Revisar qualquer funcionamento inadequado de equipamentos ou questões que necessitem ser solucionadas.
- Revisar o plano de cuidado e as providências quanto à abordagem pós-operatória e da recuperação pós-anestésica antes da remoção do paciente da sala de cirurgia.
Esses cuidados, sempre balizados nas evidências científicas, devem ser adotados previamente aos procedimentos cirúrgicos realizados principalmente em pacientes com algumas comorbidades ou necessidades especiais como diabéticos, hipertensos, coagulopatas, portadores de doenças autoimunes, cardiopatas entre outros. Desta forma, o resultado esperado poderá ser mais seguro e com menos chance de erros assistenciais.
A cirurgia odontológica é uma especialidade que engloba intervenções no tratamento de doenças ou traumatismos. E a adaptação do checklist de cirurgia segura na Odontologia também possibilita o aumento da segurança do paciente. Segue uma sugestão de checklist adaptado: