A cidade de Paragominas, no interior do Pará, abriga uma ação inédita no cooperativismo brasileiro. Ali, em fevereiro de 2016, foi fundada a Coober, primeira cooperativa de energia renovável do país. A iniciativa é resultado da união de 22 pessoas interessadas em produzir e consumir sua própria eletricidade por meio de um projeto duradouro e sustentável, focado em geração de energia solar.
O presidente da Coober, o advogado Raphael Vale, explica que a ideia nasceu no momento em que ele fazia estudos sobre energias renováveis. O fato de ser casado com uma pessoa que já havia presidido uma cooperativa de crédito foi o impulso que faltava para empreender.
“Hoje somos produtores e consumidores da nossa energia, o que representa um ganho financeiro, já que temos o custo congelado desta energia que iremos consumir para sempre”, explica Vale. “Além, é claro, da questão ambiental, e do fato de as energias renováveis terem papel muito relevante nessa causa.”
Atualmente, a microusina de energia solar de Paragominas comporta 288 placas fotovoltaicas com capacidade de produção média de 10 mil quilowatts-hora/mês. Toda a eletricidade produzida ali é injetada no sistema da Celpa, a companhia de fornecimento do Pará, e o resultado é rateado entre os cooperados, que recebem desconto em sua conta de energia.
No grupo de cooperados estão professores, profissionais liberais, produtores rurais, médicos, entre outros. A maioria já tinha alguma experiência anterior com cooperativismo, o que facilitou o engajamento. Além disso, o modelo foi usado também no momento do financiamento, quando os envolvidos contaram com o apoio de uma cooperativa de crédito.
Raphael Vale conta que hoje a Coober já inspira empreendedores de outros estados interessados em contratar trabalhos de consultoria para replicar o modelo. Localmente, o resultado é tangível: a prefeitura de Paragominas planeja criar uma usina solar para atender à demanda de energia de escolas do município. Além disso, a cooperativa foi selecionada para integrar um programa da União Europeia.
Foi na Europa que Vale encontrou exemplos inspiradores de cooperativas de energia renovável. “A Alemanha tem uma tradição forte em relação a isso, são mais de 800 usinas espalhadas pelo país, e pude contar com a confederação alemã das cooperativas em um estudo de viabilidade para a formação da Coober”, conta.
Agora, com pouco mais de um ano de operação da usina, o objetivo é aumentar a produção e expandir o acesso à energia limpa fabricada no local. De acordo com o presidente da Coober, existe o plano de compartilhar na Amazônia um carro elétrico abastecido com energia solar.
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