om a taxa Selic em 6,5% ao ano – um patamar considerado baixo –, cada vez mais pessoas têm buscado alternativas de investimentos, que trazem melhor rentabilidade em comparação às aplicações de renda fixa mais comuns. Neste cenário, em que os fundos de investimentos surgem como opção, estão os fundos de crédito privado.
Eles são uma alternativa válida para quem quer continuar na renda fixa, mas tem maior disposição ao risco. Trata-se de uma modalidade cuja maior parte da carteira é aplicada em títulos de renda fixa de emissores privados – basicamente, CDBs, LCIs e LCAs emitidos por bancos.
De acordo com a regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), para ser classificado como um fundo de crédito privado, o patrimônio líquido do fundo deve ser composto por pelo menos 50% destes títulos emitidos por empresas.
“Basicamente, os títulos de crédito privado podem ser fundos de renda fixa, ou seja, investidos exclusivamente em ativos de renda fixa, ou também fundos multimercado – fundos que possuem carteiras compostas tanto por renda fixa quanto por renda variável”, diz o master coach financeiro, Victor Barboza.
Essa composição ditará a rentabilidade, que é definida por contrato. Segundo Juliana Inhasz, professora de economia da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), alguns fundos apresentam retornos maiores, porém, com maior risco. “Há fundos com participação relevante de títulos públicos e isso também interfere no rendimento. No entanto, geralmente eles superam o CDI”, comenta.
Outro fator que influencia na rentabilidade é a liquidez. Segundo Barboza, fundos que possibilitam resgates mais rápidos costumam ter rentabilidades menores do que os fundos com resgates mais demorados.
Para quem os fundos de crédito privado são indicados?
Por terem a carteira majoritariamente composta por ativos de renda fixa, estes fundos não são tão agressivos como outras modalidades. “Por isso, estes tipos de fundos são interessantes para quem pretende correr riscos mais baixos e procura uma forma de diversificação de investimentos”, afirma Barboza.
Apesar disso, essa aplicação não é indicada para investidores inexperientes, visto que eles são feitos para quem já conhece minimamente o mercado.
“É fundamental ter ciência de que existem riscos dentro deste tipo de fundo. Saiba como analisar a composição da carteira, conheça seu perfil e sua tolerância ao risco”, conta Juliana.
Riscos dos fundos de crédito privado
Eles são diversos e, por isso, esse investimento só deve ser considerado por quem possui certa experiência.
“Como eles utilizam papéis de empresas privadas, se a gestão da empresa for inadequada ou sua performance for ruim, o fundo pode se desvalorizar, o que implica em perdas para o investidor. Ele pode, inclusive, ter ganhos inferiores àqueles que obteria no mercado, em outras aplicações”, alerta Juliana.
Existe, ainda, o risco de inadimplência. Isso porque esses investimentos são oferecidos por instituições financeiras para captar recursos, de modo a emprestá-los para outros clientes. Assim, caso os tomadores do crédito não paguem o devido à instituição, o investidor acabará prejudicado. “Quanto menor o banco, maior será o risco, o que também acaba, na maioria dos casos, oferecendo uma taxa de retorno maior e mais atraente”, aponta Barboza.
Esses fundos não contam com cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Além disso, podem oferecer baixo retorno caso as empresas que os compõem não estejam indo bem ou caso sua administração não seja bem feita. “Neste último caso, o fundo poderá quebrar e seus cotistas terão que, em última instância, acionar a Justiça para reaver seus direitos”, diz Juliana.
Os investidores devem, ainda, levar em consideração o risco relacionado à liquidez dos papéis. “Basicamente, o fundo que tiver uma alta liquidez tem maior facilidade de ter seu dinheiro resgatado. Já fundos com menor liquidez podem representar demoras para os resgates serem consolidados”, acrescenta Barboza.
Vantagens e desvantagens
Fundos de crédito privado possuem uma série de riscos – que podem ou não ser compensadas por suas vantagens, tudo depende da estratégia e da sorte do investidor.
As principais vantagens destes fundos estão ligadas aos retornos acima do mercado – geralmente, acima do CDI e de muitos outros investimentos e à possibilidade de diversificação, afinal, o fundo conta com diversas aplicações em renda fixa. “O fundo de investimento de crédito privado oferece uma cota que representa uma parte de uma carteira, composta por diversos títulos de vários bancos, a um valor mais acessível”, acrescenta Barboza.
A gestão feita por profissionais também é um ponto positivo.
Entre as desvantagens estão os riscos já mencionados e as taxas – de administração e, em alguns casos, de taxas de performance. “O investidor deve conhecer amplamente todas as cláusulas dos contratos que envolvem a aquisição desses fundos para, então, tomar sua decisão”, recomenda Juliana.
Também se deve considerar a tributação do tipo “come-cotas” – cobrada a cada seis meses, em vez de uma única vez (no resgate) – e a incidência de IR no resgate. Em resgates inferiores a 30 dias de aplicação, há incidência de IOF.
Como escolher um fundo de crédito privado para investir
De acordo com Barboza, é possível adquirir uma cota a partir de R$ 100 em algumas instituições, mas este valor pode variar bastante. Na hora da escolha, compare os fundos disponíveis tanto no seu banco como em corretoras de valores.
“Essa comparação deve ser feita levantando valor mínimo de aplicação, prazo para resgate, patrimônio total do fundo, grau de risco e também a composição da carteira do fundo e suas estratégias”, recomenda.
Uma vez levantados todos esses valores, cabe ao investidor selecionar os melhores e comparar o histórico de rentabilidades.
“Mesmo que estes fundos já representem uma diversificação para o investidor, é importante também buscar outras modalidades de investimentos para caminharem em paralelo. Busque sempre associar os seus investimentos a objetivos diferentes, que tenham variação em relação ao tempo e ao valor necessário para que sejam atingidos”, finaliza.