O terceiro painel do Congresso Unimed de Longevidade, realizado no início de outubro, focou em um assunto que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, principalmente a população com 60+: o prejuízo causado pelo excesso de informações e de desinformação. Na ocasião, Odilon Wagner recebeu Flávio Morgado e Márcia Monteiro para debater “Fake News e a Saúde dos Idosos”.
“Já existiam fake news, mas do ano passado para cá, houve uma profusão de informações e de desinformações. Entre os jornalistas e os pesquisadores, até estamos chamando de ‘infodemia’, que é o excesso de informação. Se antes, em outras gerações, tínhamos poucos jornais, poucos veículos de comunicação, hoje em dia a Internet propicia com que todo mundo vire uma fonte de informação”, disse a chefe de redação do Globo Repórter.
De acordo com ela, com ajuda da tecnologia, cada usuário acaba tornando-se uma mídia, pois tudo o que publica e fala se torna conteúdo para ser consumido. O que torna o problema perigoso é a dificuldade de rastrear “de onde vem e para onde vai”. Dessa forma, é mais fácil de espalhar, compartilhar e levar a notícia falsa adiante; ao mesmo tempo que é difícil controlá-la. Por isso, deu dicas de como confirmar a veracidade dos fatos.
“Quando você receber uma informação dessas — seja por redes sociais, seja por grupo, ou e-mail —, procure consultar um órgão de imprensa estabelecido, um site de qualquer linha que você queira ler. Porque, se aquilo é verdade, jornalista quer dar a notícia. Se não estiver nesses grandes veículos, desconfie”, pontuou a pesquisadora de tendências da longevidade e fundadora do Geração Ilimitada.
Apuração
Doutor em Comunicação e Semiótica, pesquisador nas áreas de envelhecimento, sistemas de informação, gestão em saúde e impactos sociais da tecnologia da informação, Morgado concordou com a colega. Porém, lembrou que poucos se dão ao trabalho de fazer tal investigação, principalmente, indivíduos de idade mais avançada. Além disso, explicou que o ser humano tem duas formas de lidar com esse tipo de situação.
“Nós temos dois sistemas, um rápido e intuitivo, que reage rapidamente mas não convive bem com a ambiguidade. E um sistema lento que é mais racional e vai checar, tentar encaixar em algo que você já conhece. Só que esse sistema lento é preguiçoso, exige mais atenção. E isso dá trabalho. Ser crítico dá muito trabalho. Então, imagina cada coisa que eu receber, vou ter que checar. Então, é mais fácil repassar”, explicou.
Alerta
No encontro, o trio falou sobre o grande número de fraudes, que também são consideradas fake news, para roubo de dinheiro e de dados pessoais; e os riscos diretos das notícias falsas que levam a população ao erro, como automedicação, abandono de tratamentos e até serem vítimas de endividamento, como nos casos da facilidade de se conseguir crédito consignado.
Programação
Na edição do Congresso Unimed de Longevidade deste ano, além de “Fake News e a Saúde dos Idosos”, também foram realizados mais dois debates — “Longevidade sem tabus”, com Regina Lins e Bruna Lombardi; e “Inclusão Digital”, com Ronaldo Lemos e Gustavo Caetano — e um talk show com Monja Coen, Antonio Pitanga e Ana Fontes.