O Coronavírus acendeu o alerta, mas já faz alguns anos que os principais organismos internacionais estão preocupados com o impacto de epidemias e risco de pandemias globais de doenças como Ebola, Influenza e a Síndrome Respiratória Aguda Grave. Entre 2011 e 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) acompanhou 1483 eventos epidêmicos em 172 países. Doenças propensas a epidemias como gripe, doenças respiratórias agudas graves, Síndrome Respiratória do Oriente Médio, Ebola, Zika, peste, febre amarela e outros são precursoras de uma nova era, na qual surtos de alto impacto têm um potencial de rápida disseminação e de difícil gerenciamento.
Foi nesse contexto que surgiu o relatório “A World at Risk”, literalmente, “O mundo em Risco”. O documento foi elaborado pelo Conselho de Monitoramento da Preparação Global, órgão criado em 2018 pelo Banco Mundial em parceria com a OMS, e foi redigido por chefes de estado e lideranças políticas, bem como especialistas de diversos países.
O estudo pretende ajudar cada nação a avaliar a capacidade de se proteger de emergências de saúde, identificar lacunas críticas e advogar a favor das atividades de preparação com líderes e tomadores de decisão nacionais e internacionais. Nesse sentido, apresenta sete recomendações urgentes para que os líderes mundiais possam se preparar para enfrentar emergências em saúde. Você pode conferir o documento completo aqui.
No Brasil, embora a ameaça de uma pandemia seja remota, foi desenvolvido um Plano de Contingência Nacional para Infecção Humana pelo Novo Coronavírus (COVID-19), buscando uma resposta de atuação coordenada caso o vírus se espalhe.
Para isso, utiliza-se uma ferramenta de classificação de emergência em três níveis, seguindo a mesma linha utilizada globalmente na preparação e resposta a esse mal. Tal plano classifica as ações que devem ser tomadas de acordo com a incidência da doença em “Alerta”, “Perigo Iminente” e “Emergência”.
De acordo com esse risco, instituições públicas e privadas devem agir no sentindo de prevenir a propagação da doença, entender sua gravidade clínica, quais as populações mais vulneráveis a ela, além de desenvolver vacinas e tratamentos.
O nível de resposta de “Alerta” corresponde a uma situação em que o risco de introdução seja elevado e não apresente casos suspeitos. “Perigo Iminente” corresponde a uma situação em que há confirmação de casos suspeitos e “Emergência” apenas poderá ser declarada caso haja transmissão de uma pessoa para outra dentro de um mesmo país.
Conheça um pouco mais sobre como agir em situações como essa, de acordo com o plano publicado pelo Ministério da Saúde. Veja os tópicos principais:
Vigilância
Para que o Brasil possa se manter em comunicação com a OMS, outras organizações internacionais e autoridades de saúde e alimentar de forma eficiente sua base de dados é preciso que os profissionais da saúde ajudem a apoiar a investigação e notificação de casos, bem como acompanhar os boletins epidemiológicos e as publicações emitidas pelos órgãos federais e organismos internacionais.
Além disso, segundo o plano, é de fundamental importância monitorar o comportamento dos casos de Síndrome Gripal (SG) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) nos sistemas de informação da rede para permitir avaliação de risco e apoiar a tomada de decisão.
Suporte laboratorial
De acordo com o plano, é preciso fortalecer os fluxos estabelecidos para o diagnóstico laboratorial de casos suspeitos para a infecção humana pelo novo coronavírus junto à rede laboratorial de referência para os vírus respiratórios. Outra medida é aplicar os protocolos de diagnóstico para a infecção humana pelo Covid-19, de acordo com as recomendações da OMS. Em caso de dúvida, procurar os laboratórios centrais de saúde pública (Lacen) e os órgãos governamentais que terão as informações sobre critérios de seleção das amostras para envio aos laboratórios de referência e definição de fluxos de envio de amostras do serviço privado para os laboratórios públicos.
Medidas de controle de infecção e assistência
O serviço de saúde deve garantir que as políticas e práticas internas minimizem a exposição a patógenos respiratórios, incluindo o novo coronavírus . As medidas devem ser implementadas antes da chegada do paciente ao serviço de saúde, na sua chegada, triagem e espera do atendimento, assim como durante toda a assistência.
Para lidar com casos suspeitos, confirmados e acompanhantes, os profissionais de saúde devem realizar a higienização das mãos com preparação alcoólica, utilizar gorro, óculos de proteção ou protetor facial, máscara cirúrgica, avental e luvas de procedimento. Observação: segundo a publicação “os profissionais de saúde deverão utilizar máscaras N95, FFP2 ou equivalente ao realizar procedimentos geradores de aerossóis, como intubação ou aspiração traqueal, ventilação não invasiva, ressuscitação cardiopulmonar, ventilação manual antes da intubação e coletas de amostras nasotraqueais”.
Orientações completas e detalhadas podem ser encontradas aqui.
Assistência farmacêutica
O Governo deverá disponibilizar medicamentos indicados e orientar sobre organização do fluxo de serviço farmacêutico. A Vigilância Sanitária deverá estar presente em pontos de entrada (portos, aeroportos e passagens de fronteiras) e divulgar material informativo para orientar os viajantes quanto à prevenção e controle do novo coronavírus. Além disso, as autoridades deverão instituir alerta sonoro nos aeroportos, portos e outros locais de grande circulação de viajantes, sobre medidas para prevenção e controle, bem como orientar as equipes sobre os equipamentos de proteção individual para atendimentos de casos suspeitos ou confirmados.
Comunicação de risco
As estratégias de combate à infecção deverão ser divulgadas pelos órgãos governamentais à imprensa, bem como nas suas páginas oficiais. Além disso, serão divulgados frequentemente boletins epidemiológicos, protocolos técnicos e informações pertinentes de prevenção e controle da covid-19, bem como materiais que estimulem a prevenção. Os profissionais da saúde devem ficar atentos e se manter atualizados, buscando acompanhar a evolução dessas ações não apenas pela mídia, mas com atenção às publicações oficiais e materiais que forem distribuídos.
Gestão
Em momentos como este, o plano prevê a ampliação do funcionamento do Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública, em âmbito nacional, além de ações integradas entre vigilância em saúde, assistência, Anvisa e outros órgãos envolvidos na prevenção e controle da infecção. É importante manter-se atento para que haja insumos laboratoriais suficientes para diagnóstico da infecção humana pelo novo coronavírus, assim como estoque de medicamento para o atendimento.
Importante: os casos suspeitos, prováveis e confirmados de covid-19 devem ser informados pelo profissional de saúde responsável pelo atendimento ao Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde Nacional (CIEVS) pelo telefone (0800 644 6645)
ou e-mail (notifica@saude.gov. br).
Referências:
Agência Nacional de Vigilância Sanitária – https://portal.anvisa.gov.br/coronavirus
Centers for Disease Control and Prevention – https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/index.html
Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde – https://www.saude.gov.br/saude-de- a-z/coronavirus
World Health Organization – https://www.who.int/emergencies/diseases/novel- coronavirus-2019