É fato que a força do movimento Outubro Rosa reflete positivamente na saúde das mulheres. Afinal, se detectado no início, o câncer de mama, principal neoplasia que acomete o sexo feminino em todo o mundo, tem 95% de chances de cura, de acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM).
As campanhas que despertam a atenção da população para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce dizem respeito também ao autocuidado. Para Elsi de Carvalho Oliveira, médica de família da Seguros Unimed, esse é um aspecto que deve estar na conversa entre médicos de todas as especialidades e pacientes. “Os principais fatores para orientarmos os pacientes se encontram na prevenção. Quando falamos em prevenção do câncer de mama, nos referimos também ao autocuidado”, diz.
A médica enfatiza que nem todas as pessoas que possuem muitos fatores de risco estão fadadas ao diagnóstico, mas é preciso prevenir o câncer combatendo os fatores de risco.
Os principais fatores de risco para o câncer de mama são:
- história familiar/genética,
- menarca precoce (antes dos 12 anos),
- menopausa tardia (após 55 anos),
- nuliparidade,
- primeira gestação após 30 anos de idade,
- obesidade (principalmente no climatério),
- uso regular de álcool,
- exposição prévia a radiações ionizantes.
Orientação, exame clínico e mamografia
Os sinais de alerta devem ser relembrados aos pacientes nas consultas, como nódulo na mama (geralmente endurecidos e indolores), secreção nos mamilos e alteração da pele na região das mamas (aspecto de casca de laranja) e nódulos nas axilas. No entanto, as visitas periódicas ao ginecologista são a maneira mais segura de prevenção
Os principais meios de detecção precoce são:
- exame clínico das mamas (recomenda-se, pelo menos, uma ida por ano ao ginecologista ou médico de família para ter as mamas examinadas a partir dos 40 anos de idade),
- mamografia bianual após os 50 anos, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA).
- ultrassom, se necessário, em mulheres com mamas muito densas ou mais jovens, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA).
“Em caso de suspeita de câncer, o paciente precisa ser encaminhado ao especialista mastologista”, relembra Elsi.
Câncer e covid-19
A pandemia afetou profundamente o diagnóstico e tratamento de doenças crônicas como o câncer. Estimativas apontam que houve redução de até 30% no diagnóstico de novas neoplasias.
O número de mamografias realizadas na rede pública em mulheres entre 50 e 69 anos diminuiu 42% em 2020 na comparação com o ano anterior, caindo de 1.948.471 em 2019 para 1.126.688 no ano em que a pandemia começou.
Calcula-se que a diferença de 800 mil exames não realizados no ano passado deve representar cerca de 4 mil casos de câncer de mama não diagnosticados em 2020, considerando estimativas da taxa de detecção da doença nas mamografias digitais (em média de 5 casos detectados para 1.000 exames).
Por isso, o Outubro Rosa adquire mais importância do que nunca para as entidades e os profissionais de saúde. Em uma crise sanitária prolongada como a provocada pelo coronavírus, a orientação para a prevenção e o controle das demais doenças não podem ser adiados.
Como surgiu a campanha?
O movimento teve início nos Estados Unidos, em 1990, com um evento chamado Corrida pela Cura, cujo objetivo era arrecadar fundos para a instituição Susan G. Komen Breast Cancer Foundation. Os participantes recebiam um laço rosa, como uma referência aos sobreviventes do câncer.
A primeira iniciativa no Brasil referente ao Outubro Rosa ocorreu em 2002, quando o Obelisco do Ibirapuera recebeu uma iluminação cor-de-rosa.
Hoje, o movimento inspira e mobiliza empresas, escolas e instituições de saúde no mundo todo, além de estar maciçamente presente nas redes sociais. A prevenção depende de todos.