A terceira entrevista da série sobre os vencedores do Prêmio Inova + Saúde 2017 será com a Unimed Belo Horizonte, vencedora na categoria “Trilha de Gestão de Pessoas”. A unidade mineira inovou ao criar um programa de capacitação aplicando ao serviço de atendimento móvel, que colaborou para atualização e atração de novos médicos cooperados e ainda melhorou o atendimento aos pacientes levando em consideração o perfil epidemiológico do público atendido.
Para falar sobre esta iniciativa e seus resultados, convidamos a médica Soraya Diniz, gerente do serviço de atendimento móvel da Unimed-BH. Acompanhe a entrevista a seguir.
CONEXÃO – Como e quando vocês perceberam que a maior parte dos atendimentos móveis estavam relacionados aos pacientes idosos com alguma infecção crônica?
Soraya Diniz – Em 2013, iniciamos o mapeamento dos atendimentos prestados pelo serviço de atendimento móvel da Unimed-BH. Em um primeiro estudo identificamos que a faixa etária predominante nos atendimentos era de pacientes acima de 60 anos, já portadores de afecções crônicas e que acionavam o serviço quando ocorria agudização dos sintomas. E, considerando essa faixa etária, verificamos que a demanda por atendimento clínico era prevalente em relação à incidência por trauma.
CONEXÃO – Ao identificar esse perfil do paciente, perceberam que precisavam treinar a equipe para a assistência clínica ao paciente crônico, já que o time era formado principalmente por especialistas cirúrgicos. Para ser efetivo, como esse treinamento foi moldado?
Soraya – Inicialmente, para desenvolver o treinamento, identificamos a necessidade de atender os temas previstos na Portaria Ministerial (2048/2002) e observamos a realidade dos atendimentos de urgência realizados pelo serviço de ambulância e a demanda dos médicos que atuam no serviço. Com esses dados, partimos para a construção do treinamento, considerando também outros temas relacionados ao atendimento móvel de urgência.
CONEXÃO – O treinamento foi desenvolvido internamente, pela Unimed BH? Por quais setores?
Soraya – Todo o treinamento do atendimento móvel foi desenvolvido pela equipe da Unimed-BH, com envolvimento das equipes de várias áreas. Conseguimos aliar o conhecimento técnico das lideranças do Serviço de Atendimento Móvel à experiência acadêmica da Universidade Corporativa da Unimed-BH.
CONEXÃO – Qual foi a duração do treinamento? Quantos médicos participaram? O curso também foi oferecido para outros profissionais de saúde?
Soraya – Inicialmente 12 meses, porém o treinamento se tornou um programa de educação continuada com cerca de 10 módulos por ano disponíveis na plataforma EAD. Temos cerca de 60 médicos no corpo clínico e uma média de 61% de participação mensal dos médicos nos treinamentos. Treinamos médicos e enfermeiros mensalmente e técnicos de enfermagem e motoristas a cada dois meses, com os mesmos temas.
Além disso, o médico faz um treinamento presencial antes de ingressar no serviço. A ideia é que os médicos cooperados do atendimento móvel passem sempre por processos de reciclagem e aprimoramento, garantindo assim uma assistência de qualidade aos pacientes.
CONEXÃO – Como você avalia a adesão dos profissionais ao treinamento?
Soraya – Hoje, todos os médicos do atendimento móvel são cooperados, e, por isso, reconhecem seu papel de protagonistas no desenvolvimento da Unimed-BH. Nossos processos são participativos, e as iniciativas de educação, com foco no negócio e na atualização técnico-científica dos médicos, culturalmente têm bastante engajamento dos cooperados. O envolvimento dos médicos com a estratégia e com a melhor assistência estão entre os nossos diferenciais.
CONEXÃO – Como o curso auxiliou na atração de médicos cooperados para o serviço de atendimento móvel?
Soraya – A especialidade de Medicina de Emergência é nova no nosso país, de 2015. Até então, o conhecimento era adquirido na prática, nos plantões de urgência, e por meio de cursos de imersão como ACLS e ATLS. Um dos fatores que dificultava a entrada de profissionais no serviço era a insegurança quanto ao conhecimento necessário para atuação efetiva do médico nos atendimentos. Percebemos que, com o treinamento, os cooperados passaram a ter mais interesse pelo serviço e o turnover foi reduzido.
CONEXÃO – A que você atribui o sucesso da iniciativa
Soraya – Sem dúvida o resultado positivo é multifatorial e destacamos, principalmente, o envolvimento das lideranças médicas e de enfermagem no processo de treinamento. A comunicação efetiva com o corpo clínico na identificação das necessidades e a metodologia de ensino diferenciada que utilizamos também nos garantem os bons resultados da iniciativa.
CONEXÃO – Como surgiu a ideia de inscrever o projeto no prêmio Inova+Saúde?
Soraya – A partir da parceria com a Universidade Corporativa da Unimed-BH e com o RH, que identificaram a oportunidade quando apresentamos os resultados alcançados pela gestão.
CONEXÃO – Qual a importância do prêmio para a Unimed BH? E para a difusão de melhores práticas do sistema Unimed?
Soraya – O prêmio Inova+Saúde reforça nossa vocação para o cuidado. Trabalhamos focados na qualidade da assistência, na melhoria dos processos internos e na sustentabilidade da nossa Cooperativa, e estamos colhendo os frutos das nossas escolhas.