“A rigor, não há indicação para o parto agendado em gestantes com gravidez normal, sem intercorrências. O ideal é aguardar o início do trabalho de parto, mesmo que a opção do casal seja por uma cesárea”, explica Ribeiro. A escolha pelo tipo de parto, afirma o médico, deve ser conjunta, levando em conta as orientações do profissional e o desejo da família.
“O profissional de saúde tem o dever de esclarecer as dúvidas da gestante e do pai, apontando os benefícios do parto vaginal e alertando para os riscos de procedimento cirúrgico desnecessário”, afirma. “Vale ressaltar que o ideal é que o parto seja o mais adequado possível à realidade da gestante e seu feto.”
A participação da equipe de profissionais de saúde também é recomendada. “Em caso de intercorrências clínicas ou obstétricas na gestação, a decisão do médico deve ser compartilhada e discutida com a família e, de forma multidisciplinar, com a equipe de neonatologia e de anestesia a fim de se encontrar a melhor estratégia para resolução das intercorrências.”
Parto vaginal vs. cesárea
Por impor menos risco ao binômio gestante + bebê em condições normais, o parto vaginal deve sempre ser a primeira escolha, explica Ribeiro. A cesárea, por sua vez, é preconizada em situações de exceção, em que existe risco iminente de morte ou de sequelas ao recém-nascido, à mãe ou a ambos.
“Além se ser mais natural e fisiológico, o parto vaginal diminui o risco de sangramentos e infecções maternas e favorece a adaptação do recém-nascido ao ambiente extrauterino. A passagem do feto pelo canal vaginal auxilia o desenvolvimento imunitário. Além disso, o hormônio que provoca as contrações, a ocitocina, também leva à ejeção do leite, o que favorece o aleitamento materno”, destaca.
Para Ribeiro, é preciso adaptar a estrutura das unidades assistenciais para diminuir o número de cesáreas. Essa, porém, não é a maior mudança necessária. “Em nossa experiência, as modificações de ambiência são mínimas. O principal é a mudança de conceito, é empoderar e treinar as equipes para atender o trabalho de parto e orientar os pais.”
O Centro Hospitalar da Unimed de Joinville está inserido no projeto Parto Adequado desde o seu lançamento, em 2015. A unidade recebeu destaque no encerramento da primeira fase do projeto, em 2016, por ser o hospital com a maior diminuição de eventos adversos durante a assistência ao parto.
Além disso, o CHU foi um dos 9 hospitais a superar a meta de 40% de partos vaginais na população piloto, atingindo mais de 95% de satisfação entre os casais atendidos. As admissões em UTI neonatal foram reduzidas em cerca de 30% entre recém-nascidos sem baixo peso e problemas genéticos.
