Mesmo com a formação, vem a sensação de que falta experiência. Mesmo com a experiência, você acha que sua especialização já está ultrapassada. Mesmo com novos cursos, fica o sentimento de que falta algo. Se frequentemente você tem pensamentos de que não é bom o suficiente no seu trabalho – apesar de todas as conquistas – pode estar sofrendo com a chamada síndrome do impostor.
Também conhecida como “fenômeno do impostor” ou “síndrome da fraude”, essa síndrome se caracteriza pela dificuldade de profissionais bem-sucedidos enxergarem o valor de suas realizações. “Há pessoas que, por mais que estudem e se preparem para a vida profissional, não se sentem empoderadas de seus conteúdos e daí surge ‘aquela voz’ gritando: ‘você não merece, você não é capaz’”, explica a coach e empresária, Lilian Bertin.
Esse “sentimento” não é, nem de longe, incomum. Embora as pessoas falem pouco sobre isso, um estudo realizado pela psicóloga Gail Matthews, da Universidade Dominicana da Califórnia, mostrou que cerca de 70% dos profissionais bem-sucedidos são atingidos pela síndrome, principalmente as mulheres.
“Esse fenômeno costuma aparecer em momentos de transição, dificuldade ou quando se é confrontado com novos desafios”, explica Sharon Feder, psicóloga e coach de saúde e bem-estar da Carevolution.
Como isso pode afetar a carreira?
Cobrança constante, dedicação excessiva ao trabalho, comparação frequente com colegas, atribuição do sucesso a fatores externos (como sorte), receio de que descubram que você não é “tão bom quanto parece”, falta de confiança, sentimentos como ansiedade, estresse e angústia. Todas essas são manifestações comuns da síndrome do impostor. “Algumas pessoas levam isso tão à sério que começam a refazer suas tarefas constantemente”, conta Lilian.
Não é difícil imaginar, então, que esse fenômeno tenha uma influência direta sobre o crescimento profissional de um indivíduo: por não acreditar plenamente em seu potencial, a pessoa tem mais dificuldade para aceitar propostas que a levem adiante e acaba apresentando comportamentos de autossabotagem. “Todos esses sentimentos podem estagnar a carreira de alguém, pois o medo do fracasso acaba superando o desejo de se desenvolver”, explica Sharon.
O que fazer para se ver livre da síndrome do impostor?
Para trabalhar ao máximo os seus potenciais e permitir o crescimento na carreira é fundamental, então, reconhecer a existência da síndrome e trabalhar a autoconfiança. “Cada vez que questionar a sua capacidade, lembre-se do que o trouxe até ali, pense no profissional que pretende se tornar e tenha certeza de que está trilhando esse caminho”, orienta Lilian.
As profissionais explicam que é preciso aceitar que a perfeição não existe e focar naquilo que é positivo: aceitar elogios, reconhecer as habilidades que tem e estabelecer passos para se sentir mais seguro e chegar onde deseja. “Essa pode ser uma boa oportunidade para a pessoa cuidar de si: trabalhar suas forças, qualidades, valores e capacidades. Muitas vezes pode ser uma motivação para o seu crescimento”, finaliza Sharon.

	    	
		    
















