Todos os problemas parecem maiores na adolescência. São tantas mudanças que os adolescentes enfrentam que podem acabar perdidos e, com isso, encontrar no consumo uma âncora para lidarem com seus medos e incertezas.
“Por insegurança, os adolescentes têm necessidade de consumir o que dita a moda. Desta forma, consomem produtos que os colegas mostram, tendo receio de não serem aceitos ou de ficarem em segundo plano”, explica Rebeca Fischer, psicóloga e Trainer da Sociedade Brasileira de Programação Neurolinguística (SBPNL).
Este comportamento é bem aproveitado pela indústria, que aposta na publicidade para incentivar o comportamento consumista. “Adolescentes são altamente influenciados pela mídia e alguns se tornam consumistas pela necessidade imposta de seguir a moda. O marketing observa isso e trabalha no sentido de criar armadilhas para estimular este comportamento”, acrescenta o economista Sérgio Dias.
Por isso, cabe aos pais imporem limites e ajudarem os filhos a passar por essa fase sem levar para a vida adulta comportamentos prejudiciais à sua saúde financeira e, por que não, emocional. A seguir, especialistas dão dicas para conter o consumismo dos adolescentes.
Converse
A vontade de comprar afeta todas as faixas etárias, e não seria diferente com os adolescentes. Porém, é preciso entender desde a infância que nem sempre isso é possível. “É preciso conversar sobre essa vontade. As mídias sociais têm grande impacto no consumismo. Eles têm que entender que boa parte desse desejo é provocada pelas empresas e influenciadores digitais, e cabe aos pais falar sobre isso”, diz a psicóloga Lia Clerot, especialista em Terapia Familiar Sistêmica, psicodrama e coaching ontológico.
Dê o exemplo
Desde a infância, a principal forma de aprendizado do ser humano é observando o que o outro faz. Por isso, de nada adianta ensinar o consumo consciente e impor limites se os pais não vivem isso diariamente.
Convide-os a participar do orçamento doméstico
Estimulá-los a fazer parte das reuniões familiares com essa finalidade não apenas os ensinará a lidar melhor com dinheiro mas, também, mostrará que eles são elementos importantes para a família. Isso pode até mesmo aumentar a autoestima dos jovens.
“É uma boa ideia levar o adolescente ao supermercado, por exemplo, usando este momento para ensinar a pesquisa de preços, produtos, quantidades nas embalagens e o conceito de custo-benefício”, aconselha Renato Azevedo, professor do MBA da Faculdade Fipecafi.
Estabeleça uma mesada
Este assunto é polêmico, porém, a maior parte dos especialistas concorda: dar certa quantidade de dinheiro ao adolescente pode trazer muitas lições. “Deve ser um valor que permita que ele faça escolhas. Se for uma mesada muito generosa, os adolescentes comprarão tudo o que veem pela frente. Por outro lado, se tiverem que optar entre comprar um lanche mais modesto para economizar e, no final do mês, comprar o tênis sonhado, será um aprendizado”, observa Fischer.
Imponha limites
Na verdade, essa deve ser uma realidade desde a infância, quando a criança deve aprender a ouvir “não” e a respeitar a decisão dos pais. “Se ela pede um determinado produto, os pais devem conscientizá-la da necessidade ou não de tê-lo. O problema surge quando os pais não dizem ‘não’ e presenteiam os filhos no lugar de dar amor, carinho e atenção. Serão adolescentes insatisfeitos, rebeldes e infelizes”, alerta Fischer.
Ensine-os a poupar
A principal estratégia para isso é incentivá-los a sonhar. “O hábito da poupança só é conseguido com sucesso quando associado a alguma meta. Fazer isso sem objetivo pode não trazer resultados”, pontua Dias. O exemplo também é um grande aliado. Quando os pais deixam de comprar algo – como um carro ou celular novos – com o objetivo de usar esse dinheiro para outro fim, como aposentadoria ou uma viagem dos sonhos, mostram que vale a pena abrir mão do consumo imediato para realizar sonhos e ter uma relação responsável com seu dinheiro e futuro.