Sobrediagnóstico, ou diagnóstico excessivo, ocorre quando uma pessoa sem sintomas, é diagnosticada e tratada por uma doença que não causará sintomas ou morte precoce.
Mais amplamente definido, o “sobrediagnóstico” refere-se a problemas relacionados ao aumento da dependência do cuidado médico e do tratamento excessivo, o que leva pessoas saudáveis com médio ou baixo risco a serem “reclassificadas como doentes”.
Como resultado do “sobrediagnóstico”, as pessoas se expõem aos danos desnecessários de um exame e aos efeitos colaterais do tratamento, e recursos que podem ser direcionados a outros pacientes são desperdiçados.
Muitos fatores diferentes estão gerando diagnósticos exagerados, mas um contribuinte-chave é o avanço tecnológico. Como os testes e métodos de diagnóstico são agora numerosos e sensíveis, mesmo as mais pequenas anomalias inofensivas podem ser detectadas.
Como ocorre o excesso de diagnóstico?
As pessoas podem ser sobrediagnosticadas e sobretratadas de várias maneiras:
- Os programas de rastreamento* podem detectar doenças que comumente estão em um formato que nunca causarão sintomas ou morte precoce (às vezes chamadas de pseudodoença). Ao contrário da noção popular que os cânceres são sempre prejudiciais e, em última instância, fatais, alguns tipos de câncer podem regredir, não progredir ou crescer tão devagar que o indivíduo afetado morre por outras causas. Há evidências fortes de ensaios clínicos randomizados mostrando que uma proporção de tumores detectados através de rastreamento pode cair nessa categoria.
- Os testes para doenças e distúrbios específicos tornaram-se cada vez mais sensíveis para detectar formas menos graves de doenças. Uma proporção substancial das anormalidades detectadas nunca irá progredir.
- Os exames de rastreamento do abdômen, pelve, tórax, cabeça e pescoço podem revelar achados “incidentais” em até 40% das pessoas testadas por outros motivos. A maioria dessas anormalidades incidentais são benignas, mas causam ansiedade e levam a uma investigação mais profunda.
- O sobrediagnóstico também ocorre por causa da mudança de critérios diagnósticos para muitas doenças, de modo que as pessoas com menor risco e problemas mais leves estão sendo definidas como doentes. Por exemplo, a maioria das pessoas idosas agora são classificadas como tendo pelo menos uma condição crônica, enquanto muitas mulheres tratadas por osteoporose (ossos fracos) podem estar com um risco muito baixo de fratura. Os critérios diagnósticos são muitas vezes estabelecidos por painéis de profissionais da saúde “com vínculos financeiros com empresas que se beneficiam diretamente de qualquer expansão do grupo de pacientes”.
* O rastreamento ocorre quando a pessoa não tem sintomas. Quando tem sintomas, não se trata de rastreamento e sim de investigação clínica.