Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), foram estimados 61.200 novos casos de câncer de próstata no Brasil em 2017. O segundo na lista dos mais mortais entre os homens, com 28,6% dos casos, perde apenas para o câncer de pele não melanoma. Com o diagnóstico precoce, a chance de cura é de 90% – algo que requer toda a atenção dos profissionais de saúde.
“Por ser o tipo de câncer mais comum entre os homens, eles devem ir a um especialista a partir dos 40 anos de idade, se tiver casos na família. Se não houver, a partir dos 45 anos. Infelizmente, os homens se preocupam menos com a saúde e têm preconceito com os tipos de exames que são necessários para detectar o câncer de próstata, deixando de ir ao médico por medo e vergonha”, comenta Giovani Moeckel de Carvalho, cirurgião geral e médico responsável pelo HCJ Especialidades Médicas.
Culturalmente, o brasileiro costuma procurar ajuda médica quando já tem um ou mais sintomas de uma doença. “Por conta disso, o primeiro ponto é o médico ouvir o paciente para atender o motivo da consulta, o que o fez procurar ajuda, o que ele espera e sente naquele momento. Os profissionais de saúde, de forma geral, devem aproveitar os temas de campanha, como o Novembro Azul, e orientar o paciente, desmistificando alguns tabus que ainda existem sobre exames, diagnósticos e tratamentos. Temos um papel social importante, em que é preciso compartilhar informações”, pontua Carvalho.
Ações para um diagnóstico precoce
É importante que o médico reforce com os pacientes que a melhor forma de detectar o início da doença é através de consultas e exames regulares – exame de sangue PSA, toque retal, ultrassom e, em último caso, a biópsia, para confirmar a presença do câncer.
Entre os fatores de risco estão a idade, dieta desequilibrada e histórico familiar. Para afastar as chances de desenvolver a doença, é importante fazer atividades físicas regularmente, manter uma alimentação equilibrada e controlar o peso, além de acompanhamento médico constante a partir da idade indicada.
“O principal ponto de atenção é que geralmente o câncer de próstata não tem sintomas em seu estágio inicial, por isso a importância de exames regulares. Após um tempo, o homem apresenta fluxo urinário fraco, sangue na urina, disfunção erétil, fraqueza, dormência nas pernas e pés, dor no quadril, costas e coxas e outros locais que a doença pode ter se disseminado”, alerta Carvalho.
O especialista acrescenta ainda que os homens se preocupam menos com a saúde e têm preconceito com os tipos de exames que são necessários para detectar o câncer de próstata, deixando de ir ao médico por medo e vergonha. “Vale destacar que 70% dos homens que procuram por ajuda médica foram incentivados por sua companheira”, complementa.
Outro fator importante é conscientizar os homens sobre a importância do acompanhamento médico. “A questão do exame do toque retal afasta muitos homens por conta de fatores como medo e preconceito. Ao contrário da mulher, que está acostumada ao exame preventivo do câncer genital e das mamas, o homem culturalmente não foi educado para este tipo de exame, e sente-se muitas vezes desconfortável e evita realizá-lo”, ressalta Roberto Debski, médico e diretor da Clínica Ser Integral, de Santos (SP).
Existe prevenção?
Para Debski, investir em uma maior qualidade de vida pode colaborar com a prevenção do câncer de próstata e de outras doenças crônicas. “É incontestável que um estilo de vida saudável, com atividade física regular, alimentação natural com menos gorduras animais e carnes vermelhas, evitar o fumo, não ser obeso e gerenciar o estresse melhoram as condições gerais de saúde”, aponta.
Após o diagnóstico, Carvalho pontua que a melhor forma de lidar com a situação é acompanhar toda a trajetória do paciente, da descoberta da doença até a cura. “O médico deve saber como comunicar ao paciente, já que não é um diagnóstico fácil para ambos. É preciso ser solidário e se tornar ponto de apoio para aquela pessoa e para os demais que a cercam. Do outro lado, o paciente deve fazer um acompanhamento, ter um especialista como referência para dúvidas e procurar o suporte de sua família e pessoas próximas. O câncer não deve ser sinônimo de morte para ninguém”, conclui.



















