A COVID-19 enfatizou a necessidade de condutas rígidas de higienização dos consultórios. A limpeza e desinfecção adequadas são eficazes para promover mais segurança aos pacientes e profissionais, reduzindo a probabilidade de infecção cruzada nos locais.
“A pandemia trouxe ao mundo um novo olhar para o ambiente e tornou evidente o tempo de sobrevivência do novo coronavírus de até 9 dias em superfícies rígidas”, diz a enfermeira Ellen Cardoso, coordenadora da Americas 3K, empresa especializada em desinfecção de ambientes. “Há também outros microrganismos com igual potencial de transmissão de infecção que persistem no ambiente por mais de 30 meses”, acrescenta.
De fato, as normas sanitárias ditadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) passaram a ter rigor maior não apenas para os estabelecimentos de saúde, mas também para instituições de outros segmentos.
Produtos para minimizar riscos
Os ambientes de serviços de saúde recebem classificações, de acordo com o risco de transmissão de infecções. São categorizados em áreas críticas, semicríticas e não críticas, com base nas atividades realizadas em cada lugar.
As críticas abrangem centros cirúrgicos, obstétricos e unidades de terapia intensiva, entre outros, onde ocorrem maciçamente procedimentos invasivos e concentram mais pacientes com o sistema imunológico comprometido. “O risco ocupacional também aumenta nesses locais, pois há manuseio frequente de objetos perfurocortantes e maior possibilidade de contaminação com fluidos e secreções dos doentes”, afirma a enfermeira.
Consultórios incluem-se entre as áreas semicríticas, isto é, embora existam pacientes presentes, o risco de infecções em seu interior é menor, pois não são submetidos a cuidados de alta complexidade.
“A Anvisa recomenda a realização de limpeza duas vezes ao dia para remoção de sujeira e organização do consultório, além de limpeza terminal, termo técnico para higienizações mais completas que incluem a lavagem de paredes, teto, janelas e portas, entre outros, a cada 15 dias” explica Ellen.
A opção de produtos indicados para a desinfecção de superfícies e objetos, nos dois tipos de limpeza, é variada. Fique atento, porque alguns podem causar manchas.
As propostas da Anvisa contemplam:
- álcool a 70%
- hipoclorito de sódio a 0.5%
- alvejantes contendo hipoclorito (de sódio, de cálcio) a 2-3.9%
- Iodopovidona (1%)
- peróxido de hidrogênio 0.5%
- ácido peracético 0,5%
- quaternários de amônio (por exemplo, o Cloreto de Benzalcônio 0.05%)
- desinfetantes de uso geral com ação virucida.
A água sanitária e alvejantes comuns também servem para desinfetar pisos e outras superfícies. São eficazes quando diluídos na proporção de 1 copo (250 ml) de água sanitária (ou alvejante) em 1 litro de água. Use a mistura rapidamente, porque a solução perde o potencial de desinfecção quando exposta à luz.
“De maneira geral, a técnica de higienização não é diferente antes, durante e depois da pandemia, pois os produtos, a maioria à base de álcool e cloro, são também indicados para dissolver a membrana lipofílica do coronavírus”, diz o infectologista Marcos Antonio Cyrillo, diretor clínico do Hospital IGESP.
A agência reguladora faz uma advertência a respeito do uso de vassouras e sprays, que devem ser evitados na limpeza porque poderiam dispersar partículas contaminadas.
Quanto a equipamentos e materiais, o método de esterilização permanece o mesmo. Requerem cuidados, particularmente os que produzem aerossóis ou têm contato com sangue e fluidos, porque geram carga maior de microrganismos e mais riscos aos profissionais.
Portanto, continua a obrigação de vestir e retirar adequadamente os equipamentos de proteção individual (EPIs), além de higienizar as mãos frequentemente com água e sabão, ou álcool a 70%.
“A pandemia e as bactérias super-resistentes, principalmente nas instituições de saúde, têm nos mostrado que a higiene e o cuidado com o ambiente são fundamentais para que possamos minimizar o impacto das infecções”, finaliza Cyrillo.