Segundos dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 300 mil mulheres morrem a cada ano no mundo em decorrência de complicações no parto. Para evitar situações que ponham em risco a saúde da paciente e do bebê e também a reputação dos profissionais, uma série de cuidados podem ser tomados: antes, na hora e depois do parto.
“O médico deve agir dentro dos protocolos ou diretrizes da medicina, baseado em evidências científicas, visando, principalmente, a segurança da paciente e sua experiência como um todo”, defende Edilson Ogeda, Coordenador do Núcleo de Ginecologia, Obstetrícia e Perinatologia do Hospital Samaritano de São Paulo. Confira as principais complicações que podem ocorrer no parto e como o médico pode agir para prevenir essas situações.
Complicações antes do parto
Condições de saúde preexistentes na mulher têm influência marcante sobre as complicações no parto. “O bom pré-natal é essencial para prevenir problemas. É importante, primeiramente, portanto, saber identificar as gestações consideradas de risco e, em muitos casos, encaminhá-las a especialistas no assunto”, explica Clovis Antonio Bacha, ginecologista, obstetra e membro do comitê de gravidez de alto risco e mortalidade materna da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (Sogimig).
Hipertensão, diabetes, obesidade, lúpus, maus hábitos, como tabagismo e sedentarismo, passado de parto prematuro ou de natimorto são alguns dos fatores que indicam possibilidade de complicações. Entre eles, destaca a pré-eclâmpsia, uma das principais causas de morte na gravidez.
Além da identificação precoce dos fatores de risco, a orientação, nesses casos, é fundamental, explica Ogeda. “Entre as medidas possíveis estão a indicação de exercícios físicos adequados, ajudando a mulher grávida a abandonar vícios e maus hábitos, de orientação nutricional e controle de doenças prévias.”
Complicações durante o parto
Odega explica que as complicações mais comuns durante o parto são as hemorrágicas, devido a problemas na contração uterina. Complicações relacionadas a alterações da vitalidade do bebê e à adequada passagem do mesmo pelo canal de parto também se destacam.
“A adequada condução do trabalho do parto, a criação de uma boa relação entre médico e paciente, o esclarecimento de dúvidas e probabilidades e a boa condução do pré-natal são fatores fundamentais e que diminuem os riscos de complicações. Se, mesmo assim, algo vier a acontecer, a equipe estará preparada para lidar com a situação por conta desses fatores”, explica o profissional.
Complicações depois do parto
Algumas das complicações aparecem também depois de realizado o parto. Isso não significa, entretanto, que elas não possam ser prevenidas ou acompanhadas. Ogeda explica que a infecção puerperal é a principal delas. Fazer a profilaxia antibiótica no momento do parto, respeitar os princípios da assepsia no momento do nascimento e vigiar sinais de infecção – como aspecto e odor da laqueação e contração uterina – são aspectos importantes no diagnóstico precoce de infecção. “Havendo sinais clínicos de infecção, outros exames devem ser solicitados e o tratamento instituído”, explica.
Ainda nesse sentido, Bacha destaca a importância da pesquisa de estreptococo B durante a gestação para avaliar a necessidade de administração de antibiótico na hora do parto. “Alguns médicos não pedem o exame por acharem que o parto será feito por meio de cesariana, mas é preciso considerar que a gestante pode entrar em trabalho de parto antes disso.”
Por que é tão importante agir preventivamente
Bacha destaca que medidas muitas vezes simples podem ser altamente eficazes para evitar complicações no parto e, por isso, ficar atento às novidades científicas é fundamental para garantir a segurança da gestante e do bebê.
“A necessidade de atualização tem que ser reconhecida por parte dos profissionais que trabalham com obstetrícia. Sem tomar todas as atitudes que a literatura descreve, além de colocar a paciente em risco, ficará mais difícil conduzir uma defesa caso questões legais venham a ser levantadas. É importante buscar conhecimento e deixar as complicações apenas para situações que não podiam ser evitadas”, orienta Bacha.
Para aumentar a segurança nos partos, a OMS disponibiliza uma lista de verificação, que descreve as práticas essenciais a serem realizadas na admissão, antes da expulsão, logo após o parto e antes da alta da paciente.