Em qualquer negócio é comum que haja uma diferença entre as datas de pagamento das contas e de recebimento de todas as receitas. Nesse intervalo, no qual as entradas ainda não terminaram de chegar, mas as despesas já estão batendo à porta, é necessário que haja o “financiamento” desses gastos para que as atividades continuem a “girar”. E, como o próprio nome já diz, quem dá conta dessa tarefa é o chamado capital de giro.
Se a ideia ainda não ficou clara, Gabriel Erbano, docente da Business School São Paulo (BSP), dá um exemplo: imagine que a sua clínica realize consultas com um prazo de recebimento médio de 30 dias e que as suas contas devem ser pagas dentro de um prazo médio de 10 dias. Note que você paga seus fornecedores 20 dias antes de receber de seus pacientes, mas precisa continuar operando nesse meio tempo. Os recursos para que isso aconteça representam o capital de giro.
“Esse conceito diz respeito ao total de recursos necessários para que a empresa possa desempenhar suas atividades diárias. Independente do segmento, é ele que faz a empresa funcionar”, explica Romárcia Lira, analista de atendimento coletivo do Sebrae/PE. Sua correta administração é um dos aspectos mais importantes para que qualquer clínica ou consultório médico encontrem sucesso financeiro.
Além de garantir equilíbrio e sobrevivência, ele possibilita ainda a tomada de decisões estratégicas por parte da clínica – como definição do melhor momento para fazer compras, ampliar a estrutura, adquirir equipamentos ou assumir financiamentos.
Quais são os riscos de não estar com esse cálculo em dia?
“A consequência mais imediata e visível de um planejamento inadequado do capital de giro é o uso de empréstimos de curtíssimo prazo, com juros elevados, para manter a empresa em operação”, explica Erbano. A continuidade desse descompasso leva o negócio a uma perda significativa da sua capacidade de gerar retornos e, possivelmente, à situação de insolvência. Por isso, saber calcular e aplicar esse conceito na prática é fundamental.
Como achar o equilíbrio
O professor da BSP explica que o primeiro passo a ser tomado envolve um controle rígido de todos os prazos de pagamento, recebimento e dos valores envolvidos, já que sem esses dados não será possível calcular de forma precisa quanto você precisa para que seus compromissos sejam pagos dentro dos prazos de vencimento.
“O capital de giro em si é a diferença entre todos os valores que a empresa deverá receber em determinado período e todas as contas que ela deverá pagar nesse período. Por sua vez, a necessidade de capital de giro é uma média dos prazos e valores desses recebimentos e pagamentos.” O Sebrae disponibiliza este material para ajudá-lo a chegar a esse valor.
Segundo o profissional, depois de feito o cálculo é possível otimizar as atividades. Isso pode ser feito de duas maneiras: reduzindo o tempo que se leva para receber dos clientes ou estendendo o prazo de pagamento aos fornecedores. “Quanto menor a necessidade de capital de giro, menor o investimento ‘preso’ na empresa.”
Outras dicas dadas por Romárcia para manter as operações em perfeito funcionamento são manter uma cartela de pacientes que mescle atendimentos particulares e de planos de saúde, investir em uma boa equipe administrativa e fazer o correto planejamento financeiro. “O planejamento antecipado é o melhor caminho para reduzir os riscos de dificuldades com capital de giro, possibilitando uma gestão maneira sólida e sustentável”, conclui.