O envelhecimento populacional acompanha a diminuição dos núcleos familiares, o que pressiona o cuidado de saúde na terceira idade. Com cada vez menos integrantes, as famílias têm dificuldades de oferecer a atenção necessária aos chamados idosos frágeis, que precisam de apoio para atividades de rotina, como banhos, deslocamentos e alimentação.
Para o geriatra Edgar Nunes de Moraes, da Unimed Belo Horizonte e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é necessário que o profissional de saúde oriente os familiares do idoso, capacitando-os para o cuidado. Essa orientação pode ocorrer durante a internação hospitalar, quando os parentes geralmente permanecem como acompanhantes.
À frente do serviço de geriatria e gerontologia do Hospital das Clínicas da UFMG, que atende 4.000 mil idosos por mês, Moraes desenvolve um trabalho integrado com o idoso e a família. Com Raquel Souza Azevedo, é autor do livro Fundamentos do Cuidado ao Idoso Frágil (2016). Também é o responsável por cursos online sobre o tema oferecidos pela Fundação Unimed e pela UFMG.
“É preciso aproveitar a internação para ensinar a família, por exemplo, como deve ser o banho, uma transferência da cama para uma cadeira, a administração de medicamentos. É um momento extremamente importante para a qualificação do cuidado, que não termina com a alta”, explica.
Além de capacitar para o cuidado domiciliar após a alta, diminuindo o risco de reinternação, a presença do acompanhante auxilia o idoso na sua recuperação ainda no hospital, reduzindo o tempo de permanência e o desenvolvimento de confusões mentais agudas.
“Em torno de 30% dos idosos quando internam desenvolvem delirium, causado exatamente pela mudança da rotina e do ambiente onde esse idoso se encontra. Então a presença do familiar é fundamental. Ela ajuda no cuidado e também na orientação do idoso frágil nesse ambiente estranho, que é o hospital”, destaca.
Identificando o grau de fragilidade
Nem todo idoso necessita do apoio de cuidadores para as suas atividades de autocuidado. Para facilitar a identificação inicial de idosos frágeis, o núcleo de geriatria e gerontologia da UFMG desenvolveu a ferramenta chamada Índice de Vulnerabilidade Clínico Funcional-20 (IVCF-20). A versão para impressão está disponível para download. Também é possível acessar pela internet a versão interativa, que pode ser respondida pelo próprio idoso ou por seus familiares.
Leia também:
Exames à mão
Envelhecimento: É hora de planejar instalações e atendimento