Até agora temos apresentado as condições favoráveis ao exercício da Liderança. Muitas outras ainda serão expostas, sempre no intuito de mostrar o que, no decorrer da vida prática, tem se confirmado como de real valia. Poucos auxílios são encontrados nos livros que abordam o tema – como não canso de repetir. Por serem eles baseados em conceitos teóricos de complicados algoritmos, não levam em consideração a variabilidade do perfil do ser humano. Costumo exemplificar tal situação, na minha longa vivência de relacionamentos políticos e administrativos, envolvendo grupos de profissionais, num caso real e significativo. Houve ocasião em que se precisava fazer uma indicação para importante cargo de médico coordenador em órgão público, visando liderar ações que seriam desenvolvidas. Após análise e avaliação do grupo, chegou-se ao consenso quanto ao nome daquele que melhor cumpriria tal desiderato. Reunidos com este – que havia participado de diversos cursos e lido bastante sobre a nova função – fizemos o convite, justificado pelas suas qualificações pessoais. Ouviu-nos e ficou de dar a resposta no dia seguinte. Íntegro, honesto e conhecedor das responsabilidades que deveria assumir, falou-nos: “agradeço a indicação, pensei no assunto, mas… eu não nasci para ser general, eu nasci para ser soldado”. Aí está! Pronto, resolvida a questão! Frase antológica, esta!
A pessoa pode ter todas as qualificações positivas para exercer a liderança, mas não estar disposto a enfrentar o que virá pela frente. Na realidade, encontramos aqui o MEDO de assumir as responsabilidades e de enfrentar as divergências, os contrapontos e as opiniões dos liderados. A postura altiva, alicerçada no respeito e na confiabilidade, construídos no decorrer do tempo, dão ao líder a condição de ser árbitro das questiúnculas. Ou, ao menos, um facilitador no sentido de construir a melhor solução para o impasse. Ele vê o que outros não percebem. Não se envolvendo com as manifestações agitadas e rancorosas do plenário, o líder expõe as propostas pensadas de forma racional, sem envolver-se sentimentalmente com os grupos que buscam o poder e tentam impor a vitória de suas teses.

Ao MEDO – do exemplo acima citado – contrapõe-se a CORAGEM, condição indispensável do líder verdadeiro no exercício de sua caminhada. Como muito bem foi representado numa imagem em palestra que fiz – quanto aos aspectos negativos – aqueles que não se enquadram na jornada de liderança, ao olhar no espelho que retransmite a figura de um ratinho que passa no quarto, enxerga um leão, que o amedronta e o faz recuar. O líder verdadeiro, ao ver a imagem do rato no espelho, vira-se de supetão e o esmaga contra o solo. Isto é, enfrenta a dificuldade real com denodo, rapidez e coragem, sem tergiversar. Portanto, a coragem e o medo são polos opostos. Habitam nos extremos da linha estendida da liderança.
Como prova, basta examinar as decisões corajosas que os grandes líderes tiveram que assumir, em momentos cruciais da história universal, para constatar que foram vitais para o bom resultado do impasse. Exemplo maior: Winston Churchill, ao decidir pela convocação de todos os barcos, vapores e navios mercantes da população civil para a retirada dos jovens soldados sitiados em Dunquerque, sob o fogo inimigo (veja recente filme, muito fiel sobre a dificuldade desta decisão). Enfrentamento, decisão, coragem, atitude e resultado em vidas.
Leia mais:
	    	
		    
















