Fundamentado no desenvolvimento econômico sustentável e inclusivo, o cooperativismo tem como propósito o bem-estar entre as pessoas e a participação dos associados nas atividades econômicas. É por meio desta cooperação que se busca satisfazer as necessidades humanas e resolver os problemas, não apenas com foco no lucro final.
“É uma alternativa igualitária e democrática. Atualmente, de acordo com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), existem mais de 6 mil cooperativas em todo o País, com mais de 10 milhões de associados abrangendo 13 ramos do cooperativismo, o que gera cerca de 380 mil empregos diretos no Brasil”, comenta Joeval Martins, professor de empreendedorismo da IBE-FGV.
O modelo cooperativista possui uma filosofia capaz de unir o crescimento econômico e bem-estar social. Além do aspecto financeiro, o intuito é trazer aos cooperados a possibilidade de uma nova rota de trabalho e de venda. Com isso, há uma grande exposição no mercado, que talvez ele não conseguisse sozinho. Sendo assim, por meio da cooperativa ele pode expandir suas possibilidades e até se internacionalizar.
“Esse modelo passa a ofertar uma vantagem por sua forma societária não somente por ser uma cooperativa e ter alguns diferenciais, mas pelo conceito de apoiar um ao outro. Em seu alicerce está a visão de trabalharmos juntos para que todos possam progredir”, pontua o professor de gestão financeira da IBE-FGV e consultor de negócios, Alcidney Sentallin.
Para inspirar cada vez mais pessoas a investirem neste tipo de gestão, trouxemos 5 histórias de cooperativas. Confira:
Transformar sobras em sorvete de banana
Em 1993, na Austrália, nascia a Sweeter Banana, cooperativa especializada em produzir sorvetes de banana a partir do que era descartado pelos supermercados. Na época, um grupo de moradores da cidade de Carnavon, conhecida pelo cultivo da fruta, percebeu que 60% da população as rejeitava apenas por terem manchas pretas em suas cascas. Dessa forma, frutas boas acabavam indo para o lixo.
Para solucionar o problema, a empresa se juntou ao fabricante de sorvetes Matteo Bocecci e encontrou uma forma de diminuir o desperdício de bananas na cidade. Atualmente, a cooperativa é formada por 25 famílias de fazendeiros. Além do sorvete, vendem a fruta para indústrias e fabricam pães de banana.
Cooperativismo que ajuda na produção de leite
Sem condições de arcarem com o valor da compra de maquinários, 21 pecuaristas se uniram e criaram, em 1935, a Cooperativa de Laticínio de São José dos Campos (Cooper). Assim, puderam processar o leite para colocar no mercado de forma mais simples, sem precisarem passar pela indústria convencional.
Eles viram no leite uma oportunidade de negócio, já que, na época, o café estava em franco declínio. Com essa atitude, garantiram maiores margens de lucro, além de gerarem empregos na região. Hoje, a produção de leite e derivados alcança 31 municípios do Estado de São Paulo.
Cooperativa de roupas que trouxe esperança
Há 21 anos, um grupo de mulheres de Porto Alegre decidiu que queria ter renda própria. Assim surgia a cooperativa Unidas Venceremos (Univens). Com o foco em sustentabilidade, as 23 mulheres costureiras produzem roupas e cerca de 40% do tecido utilizado é orgânico.
Com o tempo, elas se uniram a outras cinco cooperativas do Brasil e se formaram na rede de produção Justa Trama, que abrange desde o plantio do algodão orgânico – que é produzido por cooperativas do Ceará e do Mato Grosso do Sul – até a tecelagem, feita em Minas Gerais. As roupas confeccionadas são comercializadas em feiras alternativas e por meio de uma loja virtual.
Cana de Açúcar: de São Paulo para o Brasil
Fundada em 1948, a Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana), foi a primeira do Estado a ser criada com o objetivo de oferecer insumos e assistência ao produtor rural. Hoje, contam com 23 filiais em São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.
São mais de 12 mil itens de agricultura e completo serviço de assessoria no campo. Com o passar dos anos, começou a trabalhar com uma visão voltada para a tecnologia e o futuro, com o intuito de promover a união, o cooperativismo e fortalecer a classe dos produtores rurais.
Comida que transforma realidades
Ao ver um município gaúcho passando fome, a Fundação Gaia chegou a Eldorado do Sul e mudou a realidade das pessoas. Há 20 anos, eles ensinaram como cuidar de um solo que, até então, era improdutivo, e mostraram formas de cultivar hortas e preparar seus próprios pães. Assim, as famílias conseguiram, aos poucos, comprar equipamentos e iniciaram a Cooperativa de Orgânicos Pão da Terra.
Em 2013, conseguiram um espaço próprio e, atualmente, oferecem mais de 50 tipos de pães, biscoitos, bolos e salgados. Os produtos são feitos de insumos naturais, com certificação orgânica, sem condimentos ou produtos químicos.


















