Com a crise financeira que atingiu o Brasil, muitas famílias se depararam com o desemprego. Entre 2016 e 2017, houve um aumento de 12,2% de desempregados no País – já são 26,4 milhões de pessoas sem renda formal, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Contínua (Pnad Contínua), divulgada em fevereiro. Manter o equilíbrio quando um dos dois fica sem renda é um desafio na vida de qualquer casal, uma vez que isso influencia diretamente nas contas da casa.
A falta de emprego culmina em outro grande problema: o aumento no número de divórcios. Um estudo recente realizado pela Universidade do Kansas, no Estados Unidos, revelou que a maior causa do fim dos casamentos tem relação com o desfalque na renda da família. De acordo com os especialistas, além das brigas constantes, a mentira e a desonestidade passava a contar como fatores importantes para destruir os relacionamentos. A pesquisa foi feita com 4,5 mil casais.
No Brasil não há estatísticas sobre as causas de separações. Porém, em 2016, foram registrados 345 mil divórcios. Em 2007, cerca de 180 mil casamentos acabaram – na época, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) fez uma comparação com o ano de 1984, quando apenas 30.847 casais pediram a anulação do casamento.
Padrão de vida: situação que abala a relação do casal
A redução da receita é uma consequência quase que imediata quando um dos contribuintes da casa fica desempregado, além de abalar o emocional do casal. “A situação se complica ainda mais se a pessoa que perdeu o emprego é a única provedora do lar. O casal começa a pensar nas privações e na redução de padrão de vida que ocorrerá durante esse período de transição. Com isso, na maioria dos casos, aumenta a ansiedade e a pressão para que o parceiro desempregado busque logo uma recolocação”, comenta o especialista em planejamento financeiro familiar e pessoal, Leandro Trajano.
Para ele, nessa fase é essencial aumentar o companheirismo, o amor e a força de uma relação, pois o ambiente positivo se torna favorável e o impacto emocional é minimizado. “Além disso, se essa era a única fonte de renda da residência, é importante unir forças e buscar formas para que todos da casa colaborem na redução dos gastos e na obtenção de algum ganho extra”, acrescenta.
Falta de dinheiro afeta mais os homens
Em 2017, houve um aumento de mulheres fora do mercado de trabalho (13,4%), contra 10,5% de homens. Porém, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgado pelo IBGE este ano, eles representam uma parcela maior de desempregados – 6,07 milhões. Por conta de uma questão histórica, a situação dentro de casa se agrava quando é o homem quem gera a renda.
“A condição pode ser mais difícil se o homem ficar desempregado, por conta de toda uma questão cultura e machista. Ainda hoje, os homens tendem a ganhar mais do que as mulheres e, por essa construção social, eles se sentem mais pressionados e cobrados pelas relações familiares e sociais”, pontua Marina Simas de Lima, terapeuta familiar e fundadora do Instituto do Casal.
Finanças: a superação vem do companheirismo
A dica de Trajano para que o casal consiga superar esse momento de dificuldade é ter companheirismo e parceria, principalmente na hora de resolver as contas de casa. Esse é o momento de cortar gastos e procurar, se possível, novas formas de conseguir uma renda extra.
Para ser uma família financeiramente saudável, é importante falar sobre os projetos, as preocupações e, principalmente, de dinheiro. “Através da conversa é possível alinhar as expectativas e ajustar os planos de acordo com as necessidades e prioridades do casal. Conversar sobre o orçamento ajudará caso um dos dois fique desempregado. Assim, todos estarão cientes da realidade da família, como anda a situação das finanças do casal e não existirão surpresas desagradáveis”, aconselha.
Trajano orienta a nunca mentir para o parceiro e manter as contas às claras. “Não dizer, por exemplo, que pagou uma conta quando na verdade não a pagou ou não contar que perdeu o emprego, na esperança de logo arrumar outro”. Nessa fase, organizem-se para quitar as principais pendências, como o cartão de crédito, e renegociar as dívidas, caso existam.
“Cada casal, de acordo com suas necessidades e a partir de um diálogo franco, fará seus ajustes frente ao novo cenário. O importante é a família estar aberta e cooperar nessa nova situação. O desemprego pode gerar crise e, por muitas vezes, fará com que o casal reavalie o estilo de vida”, conclui Lima.

	    	
		    
















