Quando o assunto são cuidados intensivos, os caminhos que levam à alta médica interferem diretamente na qualidade de vida e no tempo de recuperação do paciente. Justamente por isso, há uma preocupação cada vez mais crescente com o que seriam exames, abordagens e testes terapêuticos considerados desnecessários (ou excessivos) envolvendo pessoas submetidas a UTI.
A questão diz respeito a profissionais renomados em todo o mundo. Nesse contexto, a partir de pesquisas de cientistas das escolas médicas Harvard e Beth Israel Deaconess, da Universidade de Harvard (EUA), a campanha global Choosing Wisely (“Escolher com inteligência”, em português livre) foi realizada pela American Board of Internal Medicine foundation (Abim) e, desde outubro de 2017, teve adesão da Associação de Medicina Intensivista Brasileira (Amib), que agora lança o Top 5 recomendações para médicos intensivistas do país. São eles:
Número 1: Não usar ou manter antibióticos desnecessariamente. A ideia é priorizar o uso desses medicamentos a pacientes com infecção e pelo menor tempo possível, evitando exposição desnecessária à substância e desperdício.
Número 2: Não usar sedação excessiva. O uso da menor quantidade possível de sedativos – sempre em revisão constante –, apenas em pacientes com indicação e para garantir seu conforto.
Número 3: Não manter o paciente no leito, desde que não haja indicação precisa. Evidências sugerem que a imobilização precoce dentro e fora do leito aumenta a propensão de doenças críticas e diminui a qualidade de vida, uma vez que isso estende o tempo de permanência no hospital e aumenta a chance de complicações.
Número 4: Não utilizar ou manter dispositivos invasivos sem necessidade. É preciso restringir ao máximo a utilização de tubos traqueais, sondas digestivas e urinárias, drenos cavitários e cateteres diagnósticos ou terapêuticos, que, se não indicados em casos criteriosamente avaliados, elevam a chance de infecções preveníveis.
Número 5: Não oferecer suporte avançado de vida a pacientes que não tenham possibilidade de recuperação. É essencial que se evite instituir ou manter suporte avançado em pacientes graves com alta probabilidade de óbito ou sequela significativa, sem considerar a possibilidade de instituir cuidado paliativo, desde que se respeite a vontade expressa de paciente e familiares.
Todas as recomendações visam reduzir o desperdício no sistema de saúde e garantir maior segurança aos pacientes. Elas foram definidas por meio de votação de mais de 1,7 mil médicos associados da Amib e cada uma foi considerada uma preocupação prioritária de pelo menos metade dos entrevistados. A instituição também disponibilizou uma arte alusiva às diretrizes para facilitar sua disseminação em UTIs de todo o Brasil, que pode ser acessada no link: https://amorintensopelavida.com.br/wp-content/uploads/2018/11/CWB-AMIB-2018.pdf.