Diante das inúmeras aplicações financeiras que podem fazer o dinheiro render, é fundamental estar ciente de tudo que pode acontecer com o seu recurso. Entender os riscos e a rentabilidade do investimento traz segurança e pode evitar que você entre em ciladas.
De acordo com Márcio Jolhben Wu, professor de Finanças e coordenador do Instituto de Finanças da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), risco é um conceito de variabilidade dos retornos. “Quanto maior a incerteza da aplicação, menor a visibilidade do futuro. Quando você investe na poupança, por exemplo, você já sabe o rendimento, já uma ação depende muito do contexto econômico, da relação comercial entre Estados Unidos e China, das reformas no Congresso Nacional e outros fatores. Não necessariamente você vai perder tudo, só não tem visibilidade do futuro”, explica.
Todos os investimentos têm risco, alguns mais do que outros. Por isso, o investidor deve ficar atento aos tipos mais comuns no mercado financeiro:
- risco de liquidez: relacionado à dificuldade de converter o ativo em dinheiro;
- risco de crédito: atrelado à possibilidade do devedor não cumprir os pagamentos do empréstimo;
- risco de mercado: associado às oscilações de preço dos ativos no mercado.
Não é possível eliminar todos os riscos, mas o investidor pode minimizá-los e garantir certa proteção. “Para investidores propensos a assumir riscos, a diversificação da carteira é a melhor opção, por meio da combinação de títulos pré e pós-fixados atrelados à inflação, fundos de investimentos e ações”, diz o diretor da STavares Consultoria Financeira, Sérgio Tavares.
Para pessoas com perfil moderado, Tavares afirma que vale a pena investir em títulos pós-fixados associados ao IPCA para obter boa rentabilidade e ficar protegido caso a inflação suba. Fundos de investimento também são uma boa opção. Já aqueles com perfil conservador – ou seja, que não querem correr nenhum tipo de risco – podem investir em ativos de renda fixa como Tesouro Direto.
Tavares também destaca que o investidor deve manter atenção à regra de tributação do investimento na hora do resgate e acompanhar a evolução do indexador relacionado ao título escolhido. “Se estiver com viés de queda em relação ao seu benchmark, vale a pena analisar o resgate do investimento para a aplicação em título diferente”, afirma.
Para Wu, a melhor maneira de definir a aplicação adequada é pensar: “para quê?”, “por quanto tempo?” e também considerar a idade do investidor. Geralmente, uma pessoa com 80 anos está mais preocupada em gerar renda do que alguém na casa dos 20 anos. “Investimento em ações demanda tempo para enxergar resultado. Por isso, uma pessoa mais jovem tem maior horizonte temporal colher frutos. Apesar de ser uma aplicação com maior risco, tem um prazo maior para retorno porque o preço das ações gira em função do resultado financeiro que a empresa vai gerar”, ensina.
A despeito da instabilidade econômica que o país vive, Wu recomenda as ETFs (Exchange Traded Funds ou Fundos de Índice) para investidores de perfil moderado e arrojado. A ETF é uma cesta de ações que torna o investimento na Bovespa mais seguro para quem deseja investir em renda variável.
O investidor que compra o fundo de índice tem acesso a um portfólio com várias ações e acaba diluindo o risco, porque se a ação de uma empresa vai mal, ainda têm outras para segurar o investimento. A ETF mais comum no Brasil é o BOVA11, que acompanha o índice Ibovespa da Bolsa de Valores de São Paulo.
Fuja das enrascadas
Todo investidor deve ficar atento às ciladas do mercado financeiro e vários especialistas alertam: rentabilidade passada não significa rentabilidade futura, não acredite em produtos financeiros milagrosos e desconfie de ganhos altos em pouco tempo.
“Buscar conhecimento é fundamental, hoje temos muitas informações na internet e palestras com ótimos profissionais no YouTube. Conhecer o produto que vai aplicar é ter ciência dos riscos que pode correr”, finaliza Wu.