Volta e meia, uma nova substância é “redescoberta” e cai no gosto popular daqueles que buscam uma vida mais saudável. A bola da vez é a vitamina D. Essencial para o bom funcionamento do organismo, esse complexo tem como principal fonte o sol – o que ajuda a identificar a razão pela qual sua deficiência é mais comum nos grandes centros urbanos. Estar com os níveis equilibrados desse composto ajuda a evitar uma série de doenças, mas seu excesso, especialmente por meio de suplementação não supervisionada por um médico, pode fazer mais mal do que bem.
O conhecimento popular deixa de fora muitos pontos. Para começar, como é sintetizada pelo organismo, essa substância funciona também como hormônio. Mas suas funções, de fato, compreendem uma grande gama de aplicações. Ela ajuda na absorção de cálcio e fósforo pelo intestino, fortalece ossos e dentes, ajuda na produção de músculos e no fortalecimento dos sistemas imunológico e cardiovascular. Além de atuar na prevenção de diversas enfermidades, como obesidade, diabetes, hipertensão, esclerose múltipla e cânceres como os de cólon, reto ou mama. De quebra, a vitamina D combate o envelhecimento precoce.
Então, por que ter cuidado? O sol é responsável por 80% a 90% de tudo que ingerimos desse composto e a pele tem um sistema complexo que para de produzi-lo assim que atingimos nossa “cota” necessária, e as fontes alimentares apresentam índices muito baixos dele (incluindo atum, sardinha, ovos, fígado, iogurtes e manteiga). Em outras palavras, a superdosagem praticamente só ocorre com a suplementação – que necessariamente deveria ser prescrita e acompanhada por um profissional de saúde habilitado.
Além disso, há um limite saudável de exposição ao Sol, que gira entre 15 e 20 minutos diários, que pode ser feito sem filtro solar. No entanto, um estudo recente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) apontou a manutenção da capacidade de síntese pela pele mesmo com o uso do protetor. Além disso, ao passar tempo acima desse período, os raios ultravioletas passam a prejudicar nossa saúde, não o contrário – e excessos são correspondidos com insolações, queimaduras e até câncer de pele.

De acordo com a doutora em dermatologia e Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia Márcia Helena Oliveira, há alguns sinais que podem ajudar a identificar a deficiência da vitamina D no organismo, que incluem repetidas infecções, fadiga e cansaço, dor nos ossos e músculos, quadros depressivos e dificuldade na cicatrização de feridas. Ainda que alguns desses sintomas sejam verificados, a suplementação não é indicada para todos. “Ela não é recomendada de forma rotineira para a população em geral, mas está indicada para a população que apresente risco de deficiência, por exemplo, na suspeita de osteoporose, raquitismo, em idosos sujeitos a quedas, grávidas, obesos, pessoas em uso de corticoide, pacientes com má absorção, pacientes candidatos a cirurgia bariátrica, insuficiência renal e hepática”, pontua.
Os níveis de vitamina D no corpo, entre 20 e 30 ng/ml em organismos saudáveis, devem estar sempre equilibrados, o que pode ser atestado por um exame de sangue. Sua deficiência pode aumentar o risco de problemas diversos, de gripe a doenças autoimunes, e é especialmente perigosa durante a gravidez, favorecendo o risco de aborto, pré-eclâmpsia e de desenvolvimento de autismo do bebê. Contornar esse quadro é simples e pode ser feito por qualquer um, sem auxílio de medicações: basta tomar banhos de sol regulares por até 20 minutos diários.
Recorrer a suplementos só deve ser feito em caso de bastante necessidade, com critérios definidos por um médico, já que a hipervitaminose D, quando os níveis excedem os 90 ng/ml, também trazem prejuízos à saúde. “Nestes casos podem surgir náuseas, vômitos, dor lombar, cálculo renal e constipação intestinal. Nos idosos, principalmente se a função dos rins já é alterada, os níveis tóxicos de vitamina D podem acelerar o risco de doenças cardiovasculares”, completa a dermatologista, lembrando dos perigos do consumo irresponsável sem a devida orientação de um especialista. “Todo modismo é perigoso porque trata de determinada questão de uma forma generalista como se o fato observado se aplicasse a todas as situações, sem que existissem indicações precisas e sem que as peculiaridades individuais sejam levadas em conta”.
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