A recessão econômica mundial é inevitável neste ano. As paralisações das empresas e as medidas de isolamento social ajudam na contenção da disseminação da Covid-19, mas reduzem drasticamente a atividade.
A redução da produção prejudica o fluxo de caixa das empresas, posterga as decisões de investimentos e aumenta o desemprego. Redução da massa salarial diminui o consumo das famílias.
Nos EUA, mais de 10 milhões de pessoas pediram seguro-desemprego apenas na segunda quinzena de abril. A taxa de desemprego aumentará fortemente nos próximos meses, o que reduzirá o consumo dos americanos.
A situação da zona do Euro também é dramática, amplificada pelo elevado endividamento corporativo em alguns países. Os próprios governantes da região estão falando em recessão em torno de 5%.
Na China, as medidas de isolamento dos últimos três meses conseguiram conter a epidemia local, e as pessoas estão gradualmente voltando ao trabalho. O custo dessas medidas será a queda do produto per capita nesse ano.
No Brasil, as paralisações também estão reduzindo o nível de produção, e muitas empresas enfrentam problemas de fluxo de caixa. As incertezas também prejudicam a concessão de crédito e, consequentemente, a demanda doméstica. Também não podemos esquecer que a queda da atividade mundial reduzirá nossas exportações. Assim, nosso PIB real deverá retrair, pelo menos, 2% neste ano e o desemprego atingirá em torno de 5 milhões de pessoas. Esses números utilizam a hipótese de que o isolamento terminará na primeira quinzena de maio, ou seja, não podemos descartar uma recessão ainda mais profunda caso a paralisação perdure por mais tempo.
VIDA APÓS A PANDEMIA . . .
Os governos estão implementando enormes estímulos fiscais e monetários ao redor do mundo. Essas medidas deverão ajudar na recuperação da atividade global a partir do segundo semestre.
Nos EUA, o banco central derrubou a taxa de juros para zero, e o Congresso aprovou mais de 2,4 trilhões de dólares (11% do PIB) em pacotes fiscais. Outros países foram na mesma direção, cada um dependendo do arsenal disponível.
O governo brasileiro também anunciou estímulo fiscal de R$ 524 bilhões (7% do PIB). Parcela majoritária do pacote é composta por medidas de curto prazo (restritas ao período da pandemia), como a postergação de impostos, antecipação de benefícios e o auxílio emergencial de R$ 600 do coronavoucher durante três meses.
A recessão econômica também levará o Banco Central do Brasil a reduzir a taxa básica de juros, no próximo mês, para 3,25%.
Assim, o retorno gradual ao trabalho em meados do segundo trimestre e os estímulos fiscais e monetários devem impulsionar a nossa atividade. O PIB real poderá crescer cerca de 5% no próximo ano.
MEUS INVESTIMENTOS
O cenário possui elevada incerteza sobre o impacto das medidas necessárias para a contenção do coronavírus. Por outro lado, os enormes estímulos ajudarão na recuperação da atividade.
As incertezas e as oportunidades exigem uma carteira de investimentos equilibrada e disciplina na gestão de risco de acordo com o seu perfil. Aproveite para reequilibrar sua carteira com cautela.