O Processamento de Produtos para Saúde é um conjunto de ações relacionadas à limpeza, desinfecção e esterilização com o objetivo de impedir a contaminação cruzada de artigos não processados (sujos) com artigos limpos (esterilizados/ desinfectados), assegurando assim a biossegurança.
Na RDC/Anvisa n°15/2012, que dispõe sobre requisitos de boas práticas para o processamento de produtos para saúde, consta a classificação do Processamento de Produtos para Saúde (PPS) em:
- Crítico: utilizado em procedimentos invasivos, com penetração de pele e mucosas adjacentes, tecidos subepiteliais e sistema vascular, incluindo também todos os produtos para saúde que estejam diretamente conectados com esses sistemas (requer esterilização para uso).
- Semi Crítico: entram em contato com pele não íntegra ou mucosas íntegras colonizadas. Ex: espelhos clínicos, moldeiras, condensadores, entre outros (requer a desinfecção de alto ou médio nível ou a esterilização)
- Não Crítico: artigos utilizados em procedimento com baixo risco de desenvolvimento de infecção onde entram em contato com pele íntegra ou não entram em contato com o paciente (requer a desinfecção de baixo nível ou limpeza).
Os passos que se aplicam ao serviço odontológico para um processamento eficiente dos PPS englobam:
- Limpeza de Produtos para saúde: É a remoção mecânica da sujeira, com o objetivo de reduzir a carga microbiana, a matéria orgânica e os contaminantes de natureza inorgânica.
- Enxágue: É realizado em água potável e corrente, garantindo a total retirada das sujidades e do produto utilizado na limpeza.
- Inspeção visual: Conferencia da eficácia do processo de limpeza e as condições de integridade do PPS. Se necessário, refaz-se a limpeza ou a sua substituição.
- Secagem: Deve ser criteriosa para evitar que a umidade interfira nos processos. Pode ser realizada com a utilização de pano multiuso descartável, secadora de ar quente/frio, e/ou ar comprimido medicinal.
- Embalagem: A embalagem deve permitir a penetração do agente esterilizante e proteger os PPS, de modo a assegurar a esterilidade até a sua abertura. Para esterilização em autoclave, deve ser utilizado embalagens especificas, como o papel crepado e as caixas metálicas perfuradas.
Conforme a Resolução – RE n° 2605, de 11 de agosto de 2006, é proibido o reaproveitamento de embalagens descartáveis para o processamento de produtos para saúde.
Esterilização
Visa eliminar todas as formas de vida microbiana presentes, por meio de processos físicos ou químicos. Na Odontologia, o processo de esterilização indicado e mais seguro é o físico, utilizando-se o vapor saturado sob pressão (autoclave).
Um ponto importante, o processo de esterilização deve ser comprovado por meio de indicadores, sendo os indicadores biológicos, físicos e químicos os mais utilizados na odontologia. Cabe ao Responsável Técnico definir, em observação às normas sanitárias locais, aqueles que serão utilizados para o controle de qualidade do processo. O monitoramento biológico deve ser registrado, juntamente com a data da esterilização, lote, validade e equipamento utilizado.
A RDC/Anvisa n° 15/2012 preconiza a instituição de indicadores nos serviços de saúde para o monitoramento do processo de esterilização na autoclave.
A literatura indica que no monitoramento da esterilização na autoclave nos serviços odontológicos sejam utilizados indicadores físicos (registros dos parâmetros físicos: tempo, pressão e temperatura), indicadores biológicos e indicadores químicos (classes I, II e V).
Armazenamento e distribuição
O PPS deve ser armazenado em local exclusivo, separado dos demais; os armários fechados e organizado periodicamente; protegido de poeira, umidade e insetos; as embalagens devem respeitar o prazo de validade da esterilização
Cada serviço deve estabelecer os critérios e prazos para validade da esterilização dos PPS, mas observando também os critérios estabelecidos pelas vigilâncias sanitárias locais.