Organização Nacional de Acreditação – ONA
De: 25/10/2018
Até: 27/10/2018
Local: São Paulo
Atenção primária ao paciente é passo significativo para melhores resultados em qualidade e segurança na saúde.
Os desafios para a segurança do paciente na América Latina foi um dos tópicos abordados e patrocinados pela Seguros Unimed no 3° Seminário Internacional de Segurança do Paciente e Acreditação em Saúde, realizado pela Organização Nacional de Acreditação (ONA), no Centro de Convenções Rebouças em São Paulo.
Foram três dias – entre 25 e 27 de outubro – debatendo assuntos de extrema relevância no âmbito da saúde global com foco na qualidade de serviços e segurança do paciente a partir da expertise de especialistas nacionais e internacionais. A análise da implementação de práticas de sucesso também foi compartilhada com a finalidade de promover mais integração e a busca eficiente de resultados nessa área.
Para detalhar sobre os avanços e possíveis dificuldades nesse segmento, Ezequiel García Elorrio, médico, professor da Universidade de Buenos Aires e fundador do Instituto de Eficácia Clínica e de Saúde, na Argentina, apresentou informações coletadas em pesquisas financiadas por diversas instituições credenciadas, como Fundação Bill e Melinda Gates e Organização Mundial de Saúde (OMS).
A grande questão levantada foi a de prevenir riscos gerados ao paciente, que poderiam ser evitados se houvesse uma gestão melhor acompanhada. Para ilustrar, ele deu como exemplo o case vivido pela própria sogra. Algo que era para ser simples e rápido, como uma cirurgia para catarata, se transformou em uma infecção, promovendo uma deterioração cognitiva e a perda da vista que, mais para frente, teve como consequência a realidade do desemprego.
Essa e outras situações refletem não só no índice de qualidade, mas também nos gastos na área de saúde, provocando um maior volume em desperdício. “Se existem evidências, é preciso estudá-las e trabalhar de forma mais efetiva na prevenção. E um dos fatores para a redução desses erros é prestar atenção nos cuidados centrados no paciente, solicitando, inclusive, a sua integração“, explica Ezequiel.
A atenção primária no cuidado ao paciente vale como norma universal. E isso significa ter acesso, proteção financeira e cobertura para que uma maior parte da população se sinta integrada. E esse reflexo vai ser algo natural para a melhoria na qualidade da saúde.
Entre os problemas mais comuns apontados nos países em desenvolvimento estão as infecções adquiridas no período de internação, erros com a medicação e nos processos cirúrgicos. “O que precisa ser compreendido é que os hospitais não funcionam sozinhos. É importante que haja esforços individuais e pessoas para executar essa mudança. Envolver o paciente acaba se tornando um estímulo social. Existe potencial para essa transformação, mas é preciso investir na postura cultural de trazer o paciente para mais perto, inseri-lo nesse cuidado. Portanto, é fundamental fortalecer a liderança“, complementa Elorrio.
A tecnologia e o mundo digital para promover o autocuidado, prevenir erros e estreitar o atendimento de qualidade entre médico e paciente.
Dividir experiências de sucesso e ajudar a compreender os caminhos para ampliar a segurança do paciente. Esse foi o principal intuito do 3° Seminário Internacional de Segurança do Paciente e Acreditação em Saúde, realizado pela Organização Nacional de Acreditação (ONA), no Centro de Convenções Rebouças em São Paulo.
O encontro, que reuniu palestrantes nacionais e internacionais, proporcionou momentos de reflexão, por meio da troca de vivências globais com ênfase na qualidade do atendimento e, principalmente, em uma colaboração mais efetiva dos pacientes em seu cuidado.
Luís Márcio Araújo Ramos, diretor-executivo da Fundação São Francisco Xavier, levantou dados significativos ao abordar a inovação em prol da segurança do paciente, sem necessariamente estar associado apenas à utilização de uma tecnologia de ponta ou altos investimentos. “O mais importante é manter um canal transparente com colaboradores para uma maior adesão e parcerias. A inovação tem a ver com estar aberto a incorporar o novo, a aprender outras práticas no dia a dia, a valorização e a integração de todas as unidades de negócios“, explica Ramos.
Mas os números levantados com todo o trabalho aplicado no Hospital Márcio Cunha, em Minas Gerais, mostram um novo horizonte para a qualidade e saúde do paciente. O planejamento estratégico anda de mãos dadas com a renovação digital. Cada setor de internação tem um computador de crise em que as informações são salvas em PDF a cada hora. E tudo está diretamente ligado à rede de emergências do hospital. Em situações de queda de luz, por exemplo, os dados não se perdem.
Outra ação referência é a rastreabilidade de medicamentos, que já celebra a redução de 90% de erros e 41% de eventos adversos na enfermaria, resultando nos 9 certos (medicamento, paciente, dose, via, horário, forma, documentação, ação e respostas). O Hospital Márcio Cunha ainda conta com o serviço de inteligência artificial com a adoção do robô Laura, que impactou de forma significativa na redução de infecção hospitalar, taxa de mortalidade por sepse e aumento da inserção de pacientes nos protocolos para prevenir essa doença.
A Maternidade Conceito (Mimo) do Hospital Márcio Cunha merece um capítulo à parte quando o assunto é engajamento. As futuras mamães têm participação ativa em todo o processo por meio de uma plataforma digital, conseguindo acompanhar a gestação e agendar compromissos médicos a um clique. “Tudo isso são novas formas de engajar pessoas. É preciso adicionar valores ao cliente e trabalhar a centralidade do paciente. A humanização deveria ser a premissa de todo o processo”, inclui Ramos.
E com isso, John Ovretveit, diretor de Pesquisa da Karolinska Medical University, na Suécia, e especialista em gestão de serviços de saúde com projetos desenvolvidos em diferentes países, concorda. Em sua apresentação sobre Relatos dos pacientes como ferramenta para melhoria do cuidado, eleprioriza o paciente como um dos principais pilares para alavancar a qualidade na saúde.
Com o auxílio da tecnologia e a disponibilidade digital, ele ensina como explorar novos recursos, como a construção de relatórios em que o embasamento são os feedbacks dos próprios pacientes. Ele mesmo teve esse insight ao receber um formulário para contextualizar e avaliar seu atendimento por conta de uma dor no quadril. Suas respostas passaram a integrar um banco de dados para doenças e tratamentos. “Essas informações integram um banco nacional e são usadas para várias funções, como nortear pesquisas e auxiliar especialistas a se aprofundar no assunto. Também é possível avaliar desempenho, e o pagamento pelo serviço acontece de acordo com o desfecho dado por cada paciente“, conta.
Esse modelo de “formulário” ainda ajuda a minimizar o número de pessoas que se submetem a uma segunda cirurgia para resolver o mesmo problema e, consequentemente, a taxa de sofrimento. A análise não é imprescindível apenas para o médico. É uma forma de proporcionar maior conexão entre o paciente e o médico e também de a pessoa ter um maior conhecimento sobre a própria doença. “Por meio de um Ipad, por exemplo, a pessoa insere dados, como medicação, rotina de exercícios e dieta, os dois analisam como esse estilo de vida interfere na doença e decidem juntos o que deve ser mudado“, detalha o médico sueco.
As consultas remotas prometem ser o futuro da área de saúde, uma boa forma de otimizar tempo e centralizar o paciente. As mães podem fazer uma consulta rápida via câmera sem ter que sair com todos os filhos de casa. “Precisamos projetar isso na nossa vida. Hoje, pode parecer um fardo, mas vai mudar. Quem quiser implantar precisa acreditar na transformação e trabalhar com pessoas entusiastas para fazer dar certo. Vale a pena“, conclui Ovretveit.