Se você acompanha o noticiário, é provável que já tenha ouvido algumas vezes sobre a taxa Selic – ou mesmo em conversas com seu gerente de banco e gestor de investimentos. No entanto, sua importância vai além dos investimentos, podendo impactar até mesmo no valor do dólar – logo, nos equipamentos e insumos importados para sua clínica – e nas condições dos créditos que você toma para fazer sua clínica crescer.
Atualmente, ela está no patamar de 6,5% ao ano. O que isso significa? Mais do que isso: como a Selic impacta suas finanças e a economia nacional? Ter estes conceitos em mente é fundamental para tomar boas decisões, tanto em empreitadas pessoais quanto em movimentações financeiras em sua clínica ou consultório.
O que é Selic?
Trata-se da taxa básica de juros da economia. Em outras palavras, ela baliza as demais taxas de juros praticadas pelo mercado, incluindo investimentos, empréstimos etc. A taxa Selic é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central nas reuniões ordinárias.
Seu principal papel dentro da política monetária brasileira é controlar a inflação. Assim, quando a inflação sobe, o Copom aumenta a taxa Selic, e vice-versa. Nesse contexto, a Selic é usada como uma espécie de freio de consumo, tendo em vista que o aumento dos juros controla a demanda e oferta de produtos. Paralelamente a isso, os investimentos atrelados à taxa básica de juros ficam mais atrativos e as pessoas ficam mais estimuladas a poupar.
Na contramão, quando a inflação está em baixa e a intenção do governo é estimular o consumo, a Selic também cai, o que aumenta o investimento na economia do País. Nessa situação, para o profissional de saúde, é mais indicado buscar investimentos lastreados em outros índices que podem ser mais interessantes do que aqueles diretamente ligados à Selic.
Taxa básica: como a Selic afeta sua vida?
Sendo uma taxa de juros que baliza as demais, é de se esperar que qualquer movimentação na Selic tenha grande impacto na economia. Ela é base, por exemplo, do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), que é a taxa que os bancos utilizam para emprestarem dinheiro entre si.
“Essa taxa interfere diretamente na vida do cidadão, já que representa um custo para o banco e, portanto, é levada em consideração quando este banco decide emprestar dinheiro na economia. Se a taxa básica de juros é elevada, os bancos cobram mais para emprestar dinheiro, repassando o custo aos clientes que tomam empréstimo”, explica Juliana Inhasz, professora do curso de Economia da Fecap.
Assim, quanto mais alta a taxa básica de juros, maior o custo de tomar empréstimo, seja como pessoa física ou jurídica.
A Selic também é base para boa parte dos investimentos em renda fixa. Alguns títulos do Tesouro Direto, como o Selic e prefixado, têm ela como guia de rentabilidade. Já boa parte dos investimentos privados têm a base da rentabilidade no CDI – que, por sua vez, é balizado pela Selic – entre eles CDBs, LCIs, LCAs, RDBs, CRIs e CRAs.
Taxa Selic e sua clínica
Apesar de não ser, em si, a causa, ela reflete em diversos fatores da nossa economia, como inflação, taxa de câmbio e afins. “Como tal, pode servir, sim, de referência para custos e sobretudo o financiamento de insumos e equipamentos de saúde. Desse modo, ela pode afetar decisões de investimentos e início de novas atividades no setor da saúde”, afirma Nelson de Sousa, professor de Economia e Finanças do Ibmec-RJ.
Entre os exemplos de decisões estão a tomada ou não de um financiamento para obter novos equipamentos ou o cuidado ao comprar insumos importados. “Se a Selic estiver abaixo do que o mercado espera e pouco atrativa quando comparada às taxas externas, poderá inibir a entrada de recursos para o país, fazendo com que a taxa de câmbio seja mais alta. Isso encarecerá as importações, que poderão, inclusive, inviabilizar a atividade produtiva ou até mesmo a expansão do negócio”, analisa Inhasz.
Por isso, preste atenção ao noticiário econômico antes de tomar decisões relacionadas ao seu negócio e aos seus investimentos pessoais.