O acirramento da guerra comercial entre os EUA e a China deverá prejudicar, novamente, a atividade econômica mundial. Enquanto as perspectivas para o mundo deterioraram no último mês, a agenda econômica local ganhou impulso e poderá ajudar na esperada recuperação da economia brasileira para o segundo semestre.
O governo Trump aumentou, mais uma vez, a tarifa de importação sobre parte dos produtos chineses e ameaçou colocar o mesmo imposto sobre todos os demais bens. Além disso, estuda seguir caminho parecido contra o México.
Esse ambiente beligerante não é bom para os países. Por um lado, os insumos de produção importados pelas empresas americanas ficarão mais caros. Os consumidores também pagarão mais pelos mesmos produtos. Por outro lado, as exportações chinesas já começaram a cair e, naturalmente, está prejudicando toda a cadeia de produção asiática. Note que a exportação da Coreia do Sul está caindo há alguns meses.
Assim, empresários americanos e asiáticos devem desacelerar suas encomendas de máquinas e equipamentos para a indústria pesada europeia. Como afirma Thomas Friedman, “O Mundo é Plano”.
Além disso, barreiras comerciais diminuem a competição e, consequentemente, possibilitam aumento de preços pelas empresas locais. Enfim, as recentes decisões devem desaquecer a atividade mundial no segundo semestre desse ano.
Entanto isso, a nossa agenda de reformas ganhou impulso na segunda metade de maio e reanimou as expectativas de melhora da atividade brasileira no segundo semestre.
O Congresso aprovou a MP 870, que diminuiu o número de ministérios de 29 para 22, e parlamentares sinalizam a intenção de votar a reforma da Previdência, na Comissão Especial da Câmara, antes do recesso de julho. Se isso acontecer, será uma aceleração de calendário em relação às expectativas e poderá sinalizar um entendimento mais favorável para a votação em Plenário.
Uma tramitação mais rápida das reformas estruturais e melhora do ambiente político podem ajudar a melhorar as expectativas dos consumidores e empresários, destravando alguns investimentos.
Apesar disso, importante ressaltar que o espaço para uma aceleração substancial da atividade nos próximos anos está limitado pelos nossos fatores estruturais, especialmente pela baixa qualidade da educação e estagnação da produtividade. Uma expansão do PIB real de 2% em 2020 deverá ser considerada uma vitória.
Portanto, o ambiente global está deteriorando, e a atividade brasileira continua estagnada no segundo trimestre. Temos uma chance de irmos à contramão do mundo daqui para frente, uma tramitação acelerada das reformas estruturais. Não podemos desperdiçar mais essa chance.
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