No artigo anterior da série, falamos sobre O Poder da Coragem, explicitando todo o valor que a parresia (falar a verdade, inclusive sobre si mesmo), acresce credibilidade na palavra do líder. Agora, avançando um pouco mais no tema, apresentarei situações bastante comuns na vida prática de quem está exposto às constantes avaliações de liderança, e os leitores irão identificá-las, pois certamente já ouviram ou passaram por isso.
Não basta ao líder duradouro ser capaz de transmitir, em palestras, escritas ou discursos, o seu perfil que contém todos aqueles princípios e valores expostos no “manual”. É necessário, também, que na sua vida pessoal e nos seus relacionamentos profissionais do dia a dia, tal conduta realmente seja praticada e observada pelos demais ao seu redor. Aplica-se aqui a famosa sentença, oriunda dos romanos, “não basta a mulher de César ser honesta, é preciso parecer honesta”. Fácil de compreender o que se quer dizer com isso. Em outras palavras, o líder deve manter seu comportamento diário, no relacionamento com as pessoas, exatamente coerente com aquilo que prega. Caso contrário, soa falso, e suas palavras serão descredibilizadas. Os atos devem credibilizar o discurso. Os atos devem comprovar a pregação. Os atos devem mostrar os sentimentos nas atitudes.
Exemplo típico: o líder pronuncia-se em particular para um só interlocutor, a respeito da sua opinião sobre um assunto polêmico, que está em debate, dizendo que “falo isto para ti”, mas “se falares aos demais, eu desminto”. Pobre conceito sobre sua integridade e coragem. Já perdeu muitos pontos como líder. O que se diz no particular – quando se trata de opinião sobre matéria coletiva, é claro – deve ser exposto aos demais integrantes do grupo (equipe), para que possam conhecer o seu ponto de vista e ter oportunidade de debatê-lo ou de confrontá-lo. Cuidado, também, com a prepotência para com os “de baixo” (hierarquicamente falando).
Na mesma linha: entrevista em diálogo, onde o interlocutor apresenta seu parecer sobre determinado assunto que embasará decisões a serem tomadas e, logo depois, nos corredores (local preferido para fofocas e veementes discussões políticas), manifesta-se com opinião bem divergente daquela. É hipocrisia, demonstrada pelo seu perfil de contradizer-se num espaço de poucos minutos, no intuito de “tirar vantagens” ou “agradar a dois senhores”. Cedo ou tarde, sua máscara cairá, e seu conceito como liderança se dissolve no ar.
A liderança é, de certa forma, uma maneira de viver. Os preceitos difundidos aqui não servem apenas para os momentos de dirigir grupos, ou manifestar-se em torno de uma mesa para a sua equipe. Os princípios e valores de lá são os mesmos que devem ser praticados na conduta pessoal.
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