Primeira mulher a se tornar presidente de uma das maiores instituições financeiras do Canadá e hoje à frente da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), Monique Leroux está longe de ser uma executiva comum. Ela é atualmente uma das principais vozes mundiais em prol do cooperativismo, seus valores e benefícios para a sociedade.
Em São Paulo para participar do seminário “O Cooperativismo e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – Combinando Impacto Econômico e Social por um Futuro Melhor”, Monique Leroux conversou com a equipe do CONEXÃO SEGUROS UNIMED durante entrevista coletiva. Entre as mensagens, um claro chamado à responsabilidade das lideranças e ao papel das cooperativas no desenvolvimento sustentável.
O seminário internacional foi promovido em parceria entre o Sistema Unimed, a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e a Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo (Ocesp), com o apoio da ACI.
Confira abaixo os principais destaques da entrevista:
Qual o maior desafio para a difusão do cooperativismo e dos valores do cooperativismo no mundo?
Monique Leroux – Temos o privilégio de contar com cooperativas consolidadas em mais de 100 países, o que nos fortalece. Mas o que ainda precisamos fazer melhor é unir nossas vozes ao redor do mundo. Estamos em países diferentes, então temos que garantir diferentes mensagens, mas no fim do dia compartilhamos os mesmos valores e princípios.
Temos que nos conectar uns com os outros de uma forma ainda mais proativa. Parte disso é a capacidade dos líderes para conversar com a imprensa, os governos, os jovens. Temos também que usar as redes sociais de uma forma mais proativa e inovadora do que temos feito até então.
Como desenvolver os valores do cooperativismo e, ao mesmo tempo, manter o negócio competitivo?
ML – É possível manter o equilíbrio entre performance e valores cooperativistas sólidos, não há uma desconexão entre os dois. De fato, se você acredita fortemente na cooperação e nas cooperativas, tem que garantir que a sua organização seja eficiente, inovadora e apresente bons resultados financeiros, porque precisa ter os recursos para investir nas pessoas, na missão da cooperativa e competir a longo prazo.
É por isso que, enquanto líderes cooperativistas, precisamos promover esse equilíbrio entre competitividade, inovação e performance para desenvolver o negócio, mas, ao mesmo tempo, sermos firmes nos nossos valores. Não estamos ganhando dinheiro pelo desejo de ganhar mais dinheiro, mas para investir a longo prazo em pessoas e comunidades. Essa é a maior diferença entre uma empresa comum e uma cooperativa, e isso nos fortalece.
Qual relação você vê entre o cooperativismo e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs), das Nações Unidas?
ML – Na essência, tanto os fundamentos dos ODSs quanto os valores do cooperativismo são sobre pessoas e como garantir que possamos nos ajudar solidariamente. É por isso que há uma perfeita conexão. Eu acredito que as cooperativas e as Nações Unidas são parceiros naturais. Precisamos de um mundo mais inclusivo, que esteja lá para as pessoas e as comunidades.
Qual é a importância de discutirmos a sustentabilidade no cooperativismo?
ML – Cooperativas que são bem sucedidas têm uma fortíssima visão de longo prazo, e perspectiva de longo prazo é essencialmente sustentabilidade. A motivação apenas pelo retorno financeiro não está no DNA das cooperativas. Queremos ganhar dinheiro e ter sucesso, mas para investir no futuro da organização e para beneficiar as pessoas e comunidades.
Gostaria de destacar ainda que o modelo de cooperativas é fantástico para os jovens que querem criar um negócio, porque alia o espírito empreendedor a uma perspectiva coletiva, de solidariedade.